quinta-feira, 29 de março de 2012

Incerteza domina o cenário político em ano eleitoral

29/03/2012 - Quinta-feira, 23:09


As eleições deste ano cobrem de incerteza a sucessão em Visconde do Rio Branco. Os 24 anos de mandato exercido somente por dois nomes na Prefeitura impediram o surgimento de novas lideranças que tivessem posições definidas e perfis que demonstrassem capacidade administrativa confiável.
O atual mandatário, João Antônio de Souza, no seu terceiro período, ao concorrer à reeleição em 2008, em confronto direto com o ex-prefeito Iran da Silva Couri, atingiu o quarto mandato, contra dois do adversário. Se Iran vencesse, os dois se igualariam em três vezes.
A disputa fazia lembrar a rivalidade entre Brasil e Argentina, na Copa de 1994, nos Estados Unidos. Argentina era bicampeã e o Brasil tri.  Se Argentina levantasse a Taça, se igualaria ao Brasil em três vezes. Mas os brasileiros chegaram ao Tetra e, em 2002 ao Penta.  E os companheiros de Maradona não tiveram pernas para seguir os passos da seleção canarinho.
No cenário da ex-princesinha dos canaviais há complicadores para pensarmos em quem estará governando a partir de 2013: a conjuntura dos últimos 24 anos parece esgotada, porque ela é fechada em torno um conjunto de agentes que defendiam os mesmos interesses de classe.  De certa maneira é como acontece entre Democratas e Republicanos nos Estados Unidos. Em questões sociais, são todos conservadores.  A diferença de classes permanece. Quem quer que seja eleito, é financiado pelo mesmo capital e seus dominadores.
Em Visconde do Rio Branco é provável que haja pendências de inelegibilidades a serem consideradas com a formalização de validade da Filha Limpa para este ano.  E não se abriu um quadro de novatos com projeção para o público absorver no curto tempo que resta. Depois da morte do Dr. Antônio, não despontou qualquer quadro independente desses dois mandatários.  Por isto é que se complica. Há o esgotamento, os prováveis impedimentos, e a falta de alternativa.
No quadro de vereadores, nenhum atuou abertamente para conhecimento público durante os últimos quatro anos, com independência, para os eleitores confiarem como alternativa.
E o povo demonstrou nas últimas eleições uma crescente parcela social a cobrar renovação. Isto ficou evidente na formação dos quadros da Câmara Municipal. E é a principal razão de o Executivo ter minoria entre os vereadores. Os novatos tiveram mais que o dobro de votos dos antigos edis, com destaque para o André Bicudo, que nunca tivera cargo público, candidato pela primeira vez, sem dinheiro e sem máquina e alcançou a maior votação para vereador na história do Município. Uma votação espontânea. Se tivesse atuado com liberdade de ação, poderia estar liderando um quadro renovador. Mas caiu, infelizmente, na amarras dos quadros dominantes.
Por essas e outras razões, pode ser que o futuro governante de Visconde do Rio Branco ainda tenha que sair da costela das mesmas elites.
Seja quem for o futuro prefeito, uma preocupação fica para o povo: a Saúde. É público, notório e oficial que este item atingiu patamares de qualidade nunca alcançados. Antes mesmo da divulgação de que “Visconde do Rio Branco saiu na frente com a média 6,21 consolidando ainda mais o nome de nossa Cidade no que diz respeito aos serviços de saúde prestados no município.  Enquanto a média do Brasil ficou com 5,47 / Região Sudeste 5,56/ Minas Gerais 5,87”, na prática, sabíamos da evolução no atendimento, no fornecimento de remédios e serviços, como odontologia, aparelhos com tecnologia de ponta para deficientes auditivos.
O Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS) só veio confirmar o que era visto na “Saúde Básica, Especializada, ambulatorial, hospitalar e das urgências e emergências.”
Os pacientes sentem que o quadro de atendimento trata quem procura seus serviços com respeito, humanidade e consideração.
Se for adversário político da atual administração o eleito, se for inteligente, manterá a equipe da Saúde como está. Poderá até melhorar, que há espaço para isto. Não chegou à perfeição. Mas qualquer retrocesso será condenável. Esse time está ganhando e a platéia está satisfeita.
Quem vier, se quiser - e os financiadores de campanha deixarem -, poderá agir em outras áreas para melhorar.  Não estamos informados, por exemplo, se os professores recebem o piso nacional que já é Lei. Mesmo se estiverem, esse piso é pouco mais da metade do Salário Mínimo Constitucional estabelecido para cobrir as despesas de uma família. Há espaço, portanto, para aproximar o ganho dos mestres do valor de direito. Mínimo, teoricamente, é para quem trabalha sem qualquer qualificação. E aos professores é exigido Curso Superior, que custa uma nota preta nessas faculdades particulares.
O quadro sucessório está difícil até por especulação.  Por enquanto, é melhor que seja assim. Antes das convenções partidárias de 10 a 30 de junho não se pode nem deve aventar nomes que soem como possíveis candidatos. Caracteriza-se propaganda extemporânea, ilegal e prejudicial aos que vierem a ser escolhidos nas convenções.
A propósito, as convenções são, muitas vezes, formalidades cronológicas e cartoriais.
Na maioria dos partidos, comissões provisórias, compostas de cinco membros, decidem o quadro de candidatos, as coligações formais e as coligações “brancas”.  Costuma-se um mesmo grupo, ou família controlar vários partidos, com um membro presidindo cada comissão provisória. De provisória não têm nada. Ficam permanentes, renovando-se a cada período, para evitar a formação de Diretório, que pode ameaçar o domínio de uns dois ou três sobre todos os filiados.
Há ocasiões em que vários partidos realizam “convenções” no mesmo dia, horário e lugar, onde um “coronel” escreve um nome no quadro e manda todos “decidirem” que “aquele” é o candidato.
É uma democracia onde “eu mando e você tem todo o direito de obedecer”.

(Franklin Netto – franklin_netto@hotmail.com)    

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