02/04/2012 - Segunda-feira, 19:37
Theresinha Almeida Pinto – Diretora do Museu Municipal
Coube aos irmãos Cortez,proprietários de companhia ambulante, a instalação do primeiro cinema em Rio Branco. Devido a uma tecnologia incipiente e total falta de recursos, o local onde se exibiam os filmes era cercado de pano e a tela carecia de ser molhada antes de sua apresentação. Esse cinema, vamos dizer, rudimentar, funcionava no local onde é hoje a Escola Estadual Dr Carlos Soares . Naquela época, certamente, ele deveria representar uma grande novidade para os habitantes da cidade.
Em 1910, uma sociedade formada por um grupo de cidadãos rio-branquenses, entre eles os irmãos Diogo e Luis Fernandes Braga, Joaquim Honório Ferreira e José Adriano de Mesquita Telles, constituiram a Empresa Teatral Rio-Branquense, solenemente inugurada em 1915. Foi, então, que nossa cidade se viu agraciada com um cine-teatro instalado em prédio próprio, com piano, camarins, aparelho projetor moderníssimo para seu tempo, poltronas confortáveis e tela que não carecia ser molhada para funcionar. Quantas noites de gala foram, ali, vividas pela sociedade daquela época, que não tinha televisão, nem rádio, nem bate-papos em torno de mesas de bar. O cinema era mudo, os filmes, na sua maioria, românticos e os expectadores de então , mais sensíveis aos sofrimentos de uma Dama das Camélias ou de uma Ana Karenina. Contribuia, para isso, a orquestra regida pela
exímia pianista Julieta Braga, que fazia o fundo musical apropriado para qualquer lance dos filmes, fossem eles dramáticos ou cômicos.Mais tarde, chegou o cinema falado. Foi o "boom" da época! As pessoas já podiam ouvir e sentir as vozes de seus ídolos, embora eles falassem em inglês. Os famosos faroestes do Buck Jones,do Ken Maynard e do Tim Mac Coy e os filmes do incrível domador de feras Clyde Beate faziam vibrar a platéia, assim como o Dr. Zolock, herói de um dos mais emocionantes seriados, que deixava os fãs em suspense, uma vez que os capítulos eram exibidos, apenas, uma vez por semana. Havia, também, as representações locais de teatro, com peças que marcaram época, como a da revista "PARTIU", levada em cena em 1917, escrita por Orlando Costa, Belmiro Augusto, Clarimundo E. de Souza e Luiz Estevão e musicada pelo Maestro Thedolindo José Soares. Era uma revista de costumes locais, cujos cenários foram feitos no Rio de Janeiro. Segundo pessoas que tiveram o privilégio de assisti-la,, foi a coisa mais importante que já se fez aqui em nossa cidade, em matéria de teatro.
Outra peça local, muito badalada foi a revista "É DO QUE HÁ", em 1933.
De seu elenco, fizeram parte nossos grandes humoristas Fortunato Lima e Lourival Passos. Além do teatro local, a cidade foi também visitada por importantes artistas brasileiros. Um balanço da Empresa Teatral Rio-Branquense, feito no ano de 1917, registra:"PERCENTAGEN A ILUSIONISTA".....................30. 300 réis. O grande Procópio Ferreira, por volta de 1950, apresentou-se, por vária noites, no palco do então Cinema Brasil, brindando-nos com peças como "AS MÃOS DE EURÍDICE" e "ESTA NOITE CHOVEU PRATA". Cantores como Nelson Gonçalves, a fadista Ester de Abreu, Galvão Rabelo, nosso grande cantor local , a famosa dupla caipira Jararaca e Ratinho e muito outros mais aqui estiveram, assim como Virgínia Lane, vedete do Teatro Rebolado e sua equipe de dançarinas.Tudo isso fez a alegria do povo!
Hoje , já não temos mais o Cinema Brasil. Suas cadeiras e seus camarins desapareceram. Sua fachada foi deformada pelo mau gosto. Apenas restou sua sede, que , em relação ao seu passado de glórias, deveria ter melhor destino. Não seria hora de fazer alguma coisa em memória disso? Por que não trabalhar para que ele volte a ser uma casa de espetáculos?
Nos velhos tempos , retumbava em toda a praça 28 o som da sirene que anunciava
a hora da exibição dos filmes. Esse som da sirene ainda persiste no ouvido daqueles que o ouviram, como uma voz a dizer: Façam alguma coisa!
Muito bom a materia que fizeram....
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