segunda-feira, 30 de abril de 2012

A polêmica revitalização da Av. São João Batista e seus desdobramentos

30/04/2012 - Segunda-feira


Vamos reproduzir trechos do que escrevemos no dia 24 deste mês, tão logo foi anunciado pelo Site da Prefeitura o início daquela  obra.  Achamos importante esta retrospectiva, devido à polêmica criada, com viés político-partidário nos debates da rede social do facebook,  que está movimentando a Internet.
Não se pode negar que o debate tem o lado positivo de provocar na população o interesse pelas questões políticas e – quem sabe – o surgimento de embriões para formação de novas lideranças, que estão fazendo falta no Município, neste momento em que um ciclo de domínio se esgota. 
E se esgota sem haver opções, alternativas para a continuidade administrativa, porque, nestes últimos 24 anos a militância girou como satélites somente em torno de dois nomes, tanto na disputa para cargos eleitorais, quanto para formação de quadros para preencherem a máquina administrativa.  A exceção vinha sendo exercida pelo grupo liderado por Dr. Antônio Carlos Ingnachitti Gomes, que implodiu com o seu falecimento em abril de 2005.
Dr. Antônio em Convenção em BH, ao lado de Dary Ribeiro.

Pensar no que virá depois de 1º de janeiro de 2013, é como dar um tiro no escuro. Não há grupos novos com estrutura confiável para tocar a administração.  E um retrocesso será desastroso.
A administração atual errou ao permitir a derrubada de prédios históricos no centro da cidade. E iniciar a revitalização da Água Limpa sem a precedência do plantio das árvores novas, antes da derrubada das que havia. Do mesmo modo, teria que cuidar da captação das águas de chuva a partir  dos altos dos morros, loteados ou não.

Prédio histórico demolido na Rua Floriano Peixoto. Imagem: Isah Baptista  
Prédio histórico demolido na Rua Floriano Peixoto. Imagem: Isah Baptista  


Contudo, não se pode negar que a “casa está em ordem”.  A saúde atingiu patamares de qualidade nunca atingidos e alcançou pontuações  no Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS) superior à media do Estado, da Região e do Brasil. O temor do retrocesso é  que voltemos ao tempo da falta de medicamentos nos postos e no mal trato de chefes de postos aos pacientes.
Farmácia Popular. Site da Prefeitura

O momento dependeria que, pelo menos, o quadro sucessório tivesse um bom síndico, com capacidade técnica de manter o que está bom funcionando, e abrisse oportunidade para a renovação. Este é um reclamo crescente entre o eleitorado, manifestado claramente na eleição de 2008 sobre os vereadores.  Os novatos tiveram o dobro dos votos dos antigos.  O mal é que a estrutura dominante cooptou esses novatos que perderam a autonomia de liderarem uma luta transformadora para melhor.
Voltando à questão ambiental, que está fazendo ferver o projeto de revitalização da Água Limpa, temos que nos recordar das constantes agressões ao meio ambiente, nas obras públicas e particulares dentro do Rio Chopotó(Xopotó), principalmente a partir da Ponte do Dr. Lelé, onde se dá o desaguamento do Rio Piedade. A ribanceira que serve de leito ao rio foi toda loteada, para construções sustentadas em estacas de cimento, uma forma rústica de pilotis e que impedem o livre escoamento das águas das enchentes, porque obstruem a passagem dos objetos carregados pela correnteza.
Obras na Rua Major Feliciíssimo. Construções dentro do Rio. Site da Prefeitura.

Nas obras públicas deletérias estão todos os trechos da Av. Beira Rio, construídos rente ao curso das águas, que passam sobre um leito raso, de pouca largura, incapaz de comportar o volume das enchentes.  E, para o cume do absurdo,  concederam alvarás de construção às suas margens, sem a preocupação social das famílias a serem atingidas em suas casas, com muito prejuízo material, na perda de utensílios domésticos e risco de perder a vida sob afogamento. 
Obras de recuperação da Av. Beira-Rio. Estragos da Enchente de 2006

Obras de recuperação da Av. Beira-Rio. Estragos da Enchente de 2006



O Município, que raramente sofria enchentes de altas proporções, passou a ter quase que anuamente cheias de muito prejuízo e morte em 2006, Nov. de 2010 e jan. de 2012. 
Rua Major Felicíssimo. À esquerda prédio de 2 pav. antes da enchente.

O mesmo prédio durante a enchente de nov.2010. Imagem: Edgard Amin

Os bairros e loteamentos sem planejamento acabaram com as áreas livres e verdes onde as chuvas caíam, eram absorvidas pelo solo, iam formar os lençóis freáticos, que alimentavam as minas e poços artesianos. A umidade matinha a solidez e a fertilidade do solo, evitava erosão, quando as raízes da vegetação serviam de mãos que seguravam a terra.
Casas e avenida Beira-Rio teriam que estar a uma distância do leito, que permitisse a existência das matas ciliares, que mantêm o equilíbrio da umidade, absorvendo nas chuvas, e liberando na estiagem. E se comportam como nascentes constantes durante todo o percurso.  Para obras públicas, ou particulares, a cava, o vale por onde as águas passam, precisariam, no caso do nosso Chopotó, ter,  no mínimo, o dobro da profundidade e da largura atuais.
Sem essas providências preliminares dá no que deu: prédio desmoronado, pista da avenida arrebentada a cada enchente. Gastou-se muito nas indenizações e construção, e continua gastando-se muito na sua recuperação, a cada ano.   


Av. São João Batista - enchente jan.2012. Imagem Edgard Amin

Av. Beira Rio - Posto de Saúde - Barreiro. Imagem: Edgard Amin

Segue a matéria que publicamos no dia 24 de abril, logo após a divulgação sobre o início das obras:

“Revitalização da Água Limpa
É uma boa notícia saber da revitalização da Av. São João Batista que, ligada à Praça Jorge Carone Filho, forma o trecho consagrado pela nossa história como a Água Limpa. No seu prosseguimento, a Av. Theophille Dubreil – Rua dos Pedros – completa a saída para a rodovia MG 447, após passar pela Barra dos Coutos.
A Água limpa começa na Ponte próxima à Praça Correa Dias, abalada pela enchente de 02 de janeiro deste ano. A extensão da sua pista de rolamento se encontra danificada, com o asfalto quebradiço, de feio aspecto, desconfortável para passageiros, e prejudicial à conservação dos veículos.
A sua revitalização depende de um bom trabalho de drenagem das águas de chuva nos bairros dos altos de morro de suas adjacências, criados sem planejamento na fúria do crescimento urbano. A falta de captação adequada dessas correntes pluviais provocou alagamento e lamaçal na sua extensão, principalmente nas proximidades do Grupo Padre Correa e no trecho baixo da Rua dos Pedros, onde se encontram os prédios antigos pertencentes ao que foi o Engenho Central.
Para evitar as enxurradas e a lama, as chuvas têm que encontrar tubulação de diâmetros no mínimo o dobro dos existentes, e que sejam canalizados diretamente para o rio, em estrutura subterrânea, de maneira que as vias de trânsito sejam atingidas somente pelas precipitações pluviométricas caídas na sua área, e que encontrem escoamento imediato para a rede.     
Notícia a respeito foi publicada ontem, no site da Prefeitura, e mostramos a seguir.
Sempre vemos com preocupação a informação de que será necessário cortar árvores para o trabalho de revitalização. Conforta saber que outras espécies serão plantadas para compensar.
Fica, no entanto, um vazio entre o corte de umas e o crescimento de outras, prejudicial ao equilíbrio ecológico, na falta da flora que absorve o gás carbônico, emitido pelos veículos em um trecho de trânsito muito intenso; a mesma flora tem a função de liberar o oxigênio que a população respira.  Esse espaço de desequilíbrio entre o excesso de carbono e a ausência do oxigênio tem um efeito tóxico constante, nem sempre perceptível de imediato.
O saudável é que se plantassem as novas um bom tempo antes da derrubada das necessárias, para que a massa atmosférica estivesse protegida contra a toxidade que os veículos automotores deixam escapar.
A volta das palmeiras vem em um bom momento, quando o nosso patrimônio histórico e cultural tem sofrido fortes agressões.  A Água Limpa tinha uma carreira de palmeiras imperiais no canteiro central que separava as duas pistas da Avenida. Esse canteiro servia para pedestres e ciclistas. E dele muita gente se recorda em doce nostalgia. Existiram até início dos anos 60 do Século XX.
A notícia da Prefeitura, publicada ontem, diz a respeito:
“Neste primeiro trecho, onde as obras já foram iniciadas, que é próximo ao Hospital São João Batista, serão plantadas 156 quaresmeiras mirins e 56 palmeiras imperiais”.
Em frente ao Hospital está a Praça Jorge Carone Filho, com canteiro entre as duas pistas.
A publicação diz também:
“...a Prefeitura informa que novas árvores serão plantadas no local, assim como canteiros e iluminação especial para a Avenida. O projeto da Avenida ainda prevê árvores da espécie quaresmeira mirim em todo trecho da Avenida e palmeiras imperiais nos canteiros.”
Sendo assim, fica entendido que o canteiro e as palmeiras virão até o início da Avenida, junto à Ponte.
Se esse projeto estiver acompanhado das obras de infra-estrutura desde o alto dos morros, o conjunto da Av. São João Batista, Praça Jorge Carone Filho e Av. Theophille Dubreil formarão um belo cartão postal em Visconde do Rio Branco, como disse um membro da rede social Facebook.
É oportuno lembrar que essa longa pista de saída e entrada da cidade é estreita ao fim da Praça Jorge Carone Filho, do começo da Av. Theophille Dubreil até a Barra dos Coutos. Paralelamente, existe o leito desativado da Estrada de Ferro Leopoldina, que será muito bem aproveitado se passar por obras de calçamento de qualidade para tráfego rodoviário.

(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário