sexta-feira, 20 de abril de 2012

As razões de Tiradentes são dobradas atualmente


20/04/2012 - Sexta-feira, 16:20


 

Custou muito tempo para a população acordar para uma realidade: os impostos atuais do Brasil República Federativa são praticamente o dobro dos que provocaram a Inconfidência Mineira, liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

A Monarquia portuguesa cobrava 20% sobre as riquezas produzidas durante o Império, com destaque para a exploração do ouro que deixou Minas Gerais cheia de buracos no Século XVIII. Era uma carga tributária pesada para a população do Brasil Império. Tão pesada que causou atraso no pagamento de tributos. Esse atraso provocou na Coroa a medida intempestiva de cobrar de uma só vez os impostos atrasados. Foi a chamada Derrama, causa da revolta, delatada pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis, que recebeu como recompensa o perdão de suas dívidas. A “Delação Premiada” já se fazia manifestar.
Joaquim Silvério dos Ries, o delator. Imagem: consciencia.org

Os 20%, equivalentes a 1/5, eram considerados tão elevados e injustos, que a população os chamava de “os quintos dos infernos”, expressão que virou sinônimo de tudo o que é ruim.  Gerou tamanha expressão de raiva e revolta, que, quando uma pessoa quer xingar outra, ainda nos dias de hoje costuma mandar para ‘os quintos dos infernos’, mais forte que  um pqp. 

 Os governadores de capitanias gozavam de autonomia para aplicarem castigos, tortura e morte a quem tomasse qualquer posição de protesto contra a exploração do Reino.  E o sentimento nativista, um nacionalismo incipiente, em 1720, teve como líder Felipe dos Santos, que protestava contra a criação da casa de fundição, a proibição do comércio de ouro e dos principais gêneros por brasileiros, para reservar o monopólio aos reinóis (portugueses).
Julgamento de Felipe dos Santos. Imagem: pt.wikipedia.org

Alguns historiadores contam que o Conde D’Assumar, governador da Capitania das Minas Gerias, mandou executar Felipe dos Santos e estrangular seu corpo, puxado por quatro cavalos, cada um amarrado em um de seus membro(braços e pernas).  A essa época já havia o descontentamento pelo ‘ouro quintado’ – o quinto cobrado de cada quantidade extraída.

Em 1792, a história se repete com a execução de Tiradentes, esquartejado e a cabeça espetada em rua de Ouro Preto, o mesmo local onde fora sacrificado Felipe dos Santos, considerado o precursor da Inconfidência Mineira, de maior repercussão por causa de figuras de maior vulto que dela participaram.
Tiradentes esquartejado. Imagem: pt.wikipedia.org

Sempre nesta época, os monarquistas espalham mensagens cheias de contradições na Internet tentando desmerecer a Figura de Tiradentes. E negando que ele tenha sido assassinado. Chegam a dizer que o Mártir da Inconfidência teria sido trocado por outro condenado e que fora morar em Portugal.  Logo em Portugal!
Com todo requinte de crueldade do seu feitio, o governo lusitano iria conceder exílio a um revoltoso!?  Risível!!!

Na mesma mensagem, começam afirmando que Joaquim José da Silva Xavier era um idiota, iletrado, manobrado pelos intelectuais e pelos maçons.  Depois afirmam, como prova de sua sobrevida após o episódio da forca, que havia assinatura dele nos livros da Assembléia Nacional Francesa.  E ainda acrescentam que alguns anos depois ele se estabelecera na atual Rua Gonçalves Dias.  Ora! Uma figura notória, não ser reconhecida no centro do Rio de Janeiro, àquele tempo uma cidade com número de habitantes igual a qualquer cidade do interior, onde todo mundo se conhece, e palco de todos aqueles acontecimentos que culminara com a forca e seu esquartejamento!.

Voltemos ao tema do início deste comentário:  O “quinto dos infernos” foi o motivo da revolta que passou por Felipe dos Santos e chegou a Tiradentes.  20% de impostos = 1/5.

Vieram as repúblicas velha, nova, atual, com o sistema federativo, as eleições de votos dos coronéis(a descoberto), chegou-se ao voto secreto, às eleições diretas, ao funcionamento dos três poderes, passamos por ditaduras e vivemos teoricamente sob a égide da Constituição Cidadã de 1988.  O “quinto dos infernos” ainda é uma forma de mandar alguém para o beleleo.  E pagamos 38% de impostos sobre o PIB – Produto Interno Bruto: soma de todas as riquezas produzidas no país.

Imagine um trabalhador receber um quarto do necessário para sua sobrevivência. E, ao comprar um quilo de feijão, está pagando quase a metade de imposto. O micro empresário luta para equilibrar suas contas e paga também sobre o que compra e o que vende essa quase metade de suas transações para o Tesouro.  E ninguém se dá conta!  Todos vêem e gozam amanhã, 21 de Abril, somente a folga do feriado.  Se caísse numa sexta ou segunda-feira então, beleza!  Praia, samba e futebol!!!

Mas algumas mensagens circulam e tentam acordar o Brasil para esses dois quintos dos infernos. Acontece que o Gigante continua adormecido nos braços do povo que mal fala, mal ouve, mal  vê,  porque não lê.

(Frankin Netto  - taxievoce@hotmail.com)

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