terça-feira, 1 de maio de 2012

Ensinos Espiritualistas – Sayonara(QUARAÍ-RS) – Mediunicamente

01/05/2012 - Terça-feira


Recebidos por
William Stainton Moses



Seção III
(A intensidade com que a comunicação precedente foi escrita era fato completamente novo para mim; a pena enchia páginas após páginas traçando minuciosamente os caracteres, assinalando sempre o nome de Deus com letras maiúsculas, paragrafando e deixando uma margem, de sorte que a escrita impressionava a vista com um trabalho perfeito de caligrafia. A mão açoitava, o braço batia e eu tinha consciência de que ondas de força passavam por mim. Terminada a comunicação, fiquei exausto de cansaço, com violenta dor de cabeça na base do cérebro. No dia seguinte perguntei a causa disso; recebi a seguinte resposta, porém muito mais tranqüilamente:)
A vossa dor de cabeça foi a conseqüência da intensidade do poder e da rapidez da escrita; não podemos tratar, sem veemência, de tal assunto, que é de interesse vital para aqueles a quem somos enviados. Quereríamos capacitar-vos da convicção de que é de primeira necessidade obedecer a essas leis inalteráveis, por Deus estabelecidas, leis que violais com risco e perigo.
As guerras são, porém, os resultados da cobiça, que vos excita as paixões ambiciosas, dominadoras e vingativas. E, que resulta disso? As belas obras de Deus destruídas, os pacíficos esforços, os agradáveis e engenhosos produtos da indústria humana reduzidos ao nada; os santos laços do lar, do parentesco, cortados; milhares de famílias mergulhadas na miséria; rios de sangue derramados sem causa; inúmeras almas arrancadas dos corpos para serem precipitadas na vida espiritual, sem preparo, sem educação nem purificação. Mau! Tudo mau! A desgraça dimana da Terra, tornando-se em miséria. Enquanto não souberdes proceder melhor, a vossa raça só lentamente progredirá, pois lançais, sem cessar, sementes que produzem uma seara de obstáculos contra o nosso trabalho. Tendes muito que retificar para a gestão dos negócios do Estado, e também para a economia social. Quantas coisas há a acrescentar ao pouco que sabeis!
Por exemplo: legislais para as massas, mas ocupai-vos somente com o culpado. A vossa legislação deve punir, mas deve também curar. Recolheis os que julgais loucos, com receio de que prejudiquem os outros. Há poucos anos os torturáveis, enchendo os asilos de desgraçados, cuja única moléstia era não compartilharem das fúteis opiniões dos seus compatriotas, ou dos desgraçados que estavam sob a influência de espíritos não desenvolvidos; houve e ainda há muitos desses. Aprendereis um dia, à vossa custa, que deixar o caminho percorrido nem sempre é provar demência de espírito, e que servir de veículo ao ensinamento espírita não prova desequilíbrio de inteligência. O poder de proclamar a sua missão foi cassado a inúmeros indivíduos. Tem-se falsamente afirmado que temos enchido os hospitais e conduzido os médiuns à loucura, porque homens cegos e ignorantes têm acusado de dementes todos aqueles que se arriscam a proclamar a sua relação conosco e com os nossos ensinos; argumenta-se ser uma prova de demência o estar em comunicação com o mundo espiritual. Por conseqüência, todos quantos o confessam são loucos, devem ser recolhidos. E porque esses ignorantes chegaram, graças a essas asserções falazes, a imprimir o estigma nos médiuns e a encarcerá-los, sobrecarregaram-nos, por cúmulo, do pecado que inventaram, de conduzir os médiuns à demência.
Se isso não fosse ignorância, seria blasfêmia. Temos trazido apenas a bênção aos nossos amigos; somos para eles intérpretes da Verdade Divina. Se o homem, pela sua disposição perversa e pela vida culpada, atrai Espíritos congêneres, que exageram ainda a sua maldade, a falta deve recair sobre a sua cabeça, pois só fez cultivar a seara que havia semeado; era louco já; louco, desprezando o seu próprio espírito e o corpo; louco, repelindo as santas influências; mas não nos ocupamos disso.
Mais loucos que outros, verdadeiramente, são esses ébrios imbecis que não julgais loucos. Não há, aos olhos do Espírito, mais horroroso espetáculo que o desses antros de maldade e impureza onde os homens maus se reúnem para mergulhar os seus sentidos no esquecimento, para excitar as concupiscências dos seus miseráveis corpos, para oferecer-se, em vítima voluntária, aos mais baixos e piores Espíritos que pairam ao redor deles, os quais acham gozo em fazer viver novamente as suas baixas vidas corpóreas. São antros da mais hedionda degradação, uma mancha na vossa civilização, uma desgraça para a vossa inteligência.
Que entendeis pela expressão “viver novamente as suas baixas vidas”?
Esses Espíritos ligados à Terra conservam em grande parte as suas disposições e paixões terrestres; os desejos do corpo não estão extintos, posto que a faculdade de os satisfazer esteja suprimida.
O ébrio conserva a sua antiga sede, mais exagerada, agravada pela impossibilidade de a saciar; o desejo não satisfeito queima-o e impele-o a procurar os lugares, cenários dos seus vícios de outrora, a arrastar miseráveis como ele para a completa degradação. A sua existência anterior aparece-lhe diante da vista e ele se desaltera, com feroz satisfação, pelos excessos que os incita a cometer, e assim o seu vício perpetua-se, aumentando a série de pecados e de dores. O estúpido miserável, estimulado por agentes que não pode ver, chafurda-se cada vez mais no lodo. Sua mulher e filhos inocentes têm fome, choram e agonizam, enquanto perto deles adeja e sobre eles se aflige o anjo da guarda, sem força para atingir o culpado, que lhes destrói a vida e o coração. Quando vos dizemos que o Espírito escravo da Terra revive a sua vida de excesso nos excessos daqueles que ele é capaz de conduzir à ruína, apenas apresentamos uma imperfeita imagem.
O remédio é lento, pois se acha na elevação moral e material da raça, no progresso gradual, nos conhecimentos mais puros e mais exatos, em uma educação adiantada na mais lata expressão do termo.
Esses esforços poderiam então prevenir a obsessão tal como a entendeis?
Poderiam, finalmente; nenhuma outra coisa o poderá, enquanto persistirdes em alimentar ativamente a fonte malévola.
As crianças passam imediatamente a uma esfera elevada?
Não. Não se pode ser dispensado da experiência da vida terrestre. A ausência de contato assegura um rápido acesso às esferas de purificação; mas a ausência de experiência e de saber impõe um preparo e educação aos Espíritos, cujo encargo especial é dirigir essas tenras almas e suprir o que lhes falta. Não há vantagem em ser retirado da vida terrestre, salvo no caso de mal empregar as ocasiões oportunas, ocasionando grande perda de tempo e retardando o progresso. A alma que mais ganha é a que se consagra à tarefa que lhe é conferida, que trabalha com zelo pelo seu próprio aperfeiçoamento e pelo bem das outras, que ama e serve a Deus, e segue a direção dos seus guias. Essa alma progride rapidamente, tem menos coisas a retificar. Toda vaidade e egoísmo sob qualquer forma que seja, toda inércia e indulgência pessoal embaraçam o progresso. Nada dizemos do vício nem do pecado, nem da recusa obstinada em aprender e ser instruído. Amor e Ciência ajudam a alma. A criança pode ter uma dessas coisas, mas a outra só a obterá pela educação, freqüentemente adquirida ligando-se a um médium e vivendo assim uma nova vida terrestre. Muitas almas de crianças que teriam sido expostas à tentação, a penosas provações, deixam a Terra, sem máculas, ganhando assim em pureza o que perderam em conhecimentos. Mas o espírito que lutou e venceu é o mais nobre; purificado pela provação, sobe à esfera reservada às almas que combateram com êxito. Tal experiência é necessária e, com o fim de consegui-la, inúmeros Espíritos escolhem a volta a esse planeta para obter o que lhes falta, ligando-se a um médium. É preciso a um a cultura das afeições; a outro, o sofrimento e a aflição; a este, a cultura mental, àquele, dominar, limitar as impulsões do espírito e equilibrá-las.
Todos os Espíritos que voltam, exceto os que, como nós, estão encarregados de determinada missão, têm um fim imediato a atingir; associando-se a nós e a vós, adiantam-se, o que é desejo dominante do Espírito. Mais progresso! Mais saber! Mais amor! Até que, arrancado o joio, possa sua alma largar o vôo cada vez mais alto para o Supremo.
A volta à Terra não é o único método de progresso?
Não; nem mesmo é o usual. Temos muitas escolas de instrução e não empregamos segunda vez aquela cujo sistema abortou.
(Depois de algumas permutas de idéias relativas ao envoltório e à ocupação do Espírito, interroguei, sem receber informação alguma satisfatória, se o escritor conhecia estados de existência quer superiores ou inferiores ao da encarnação terrestre. Informaram-me que os Espíritos não podiam abranger em seu conjunto a extensão infinita da existência espiritual e que os seus conhecimentos eram limitados pelo abismo que separa o que se chama esferas de provação ou algumas vezes purgatórios – nos quais a alma se desenvolve, aperfeiçoando-se – e as esferas de contemplação, pelas quais a alma passou, nunca a elas voltando, exceto em raríssimos casos. Resposta:)
A passagem da mais elevada esfera de provação à mais baixa das esferas de contemplação é uma mudança análoga à que chamais morte. Essa vida de além nos é pouco conhecida, ainda que saibamos que os bem-aventurados que aí vivem têm o poder de nos auxiliar e nos guiar tal como velamos por vós. Por experiência nada sabemos daquilo em que se ocupam, a não ser que uma ciência superior lhes permite melhor compreender a Divina Perfeição, apreender mais exatamente a origem das coisas e de adorar mais de perto o Supremo. Achamo-nos muito distanciados desse estado de bem-aventurança. Temos a nossa tarefa a desempenhar e nela trabalhando achamos as nossas delícias. Lembrai-vos sem cessar de que os Espíritos falam segundo a experiência e o saber que possuem; alguns, interrogados sobre pontos abstratos, a que respondem conforme as suas capacidades, enganam-se. Não os censureis contudo. Acreditamos estabelecer uma certeza quando dizemos que a Terra é a mais elevada das esferas, às quais sucedem sete esferas de trabalho ativo, depois sete esferas de divina contemplação. Mas cada esfera tem muitos graus.
Já vos fizemos entrever como as almas, que se degradam voluntariamente, chegam de queda em queda a tornar a renovação difícil. Preferir sempre o mal ao bem produz o ódio ao que é puro e bom. Os Espíritos desse caráter têm sido usualmente encarnados em corpos nos quais as paixões animais predominavam, sendo a estes submetidos primeiramente e por fim tornando-se seus escravos. Aspirações nobres, desejos de santidade e de pureza, divina energia, tudo é aniquilado, e em vez do Espírito, o corpo reina como soberano, ditando as suas próprias leis, apagando todo o vislumbre moral e intelectual e rodeando a alma de influências e associações de impurezas. O caso é perigoso. Os guias retiram-se assustados, não podem respirar essa atmosfera, mas outros Espíritos os substituem e, possuídos dos mesmos vícios, fazem reviver as suas existências sensuais e comprazem-se em aviltar o desgraçado de quem se apoderaram. Essa tendência do pecado corporal, persistindo, é uma das mais terríveis conseqüências da voluntária e grosseira transgressão às leis da Natureza. O espírito que vive unicamente para e pelas satisfações materiais erra, depois da morte do corpo, por toda parte onde o chamam as suas antigas volúpias; faz reviver a sua vida corpórea nos vícios daqueles aos quais atrai ao pecado. Se pudésseis ver os sombrios Espíritos formando multidões, por toda parte onde os viciosos se reúnem, saberíeis alguma coisa dos mistérios do mal. A influência desses vis Espíritos facilita a queda persistente e mostra invencíveis obstáculos àquele que tivesse a veleidade de regressar. Cada ser miserável é o centro de um grupo malfazejo, que apresenta uma energia feroz para o rebaixar ao seu próprio nível.
Tais são os que, despojados dos corpos, gravitam em esferas inferiores à Terra. Eles vivem com quem os tenta, no desespero de satisfazer paixões e apetites inextintos, apesar da perda dos órgãos que outrora lhes permitiam gozá-los.
Nessas esferas, eles são, entretanto, acessíveis às tentativas dos Espíritos missionários, que procuram despertar neles um desejo de melhora. Quando esse desejo surge, o Espírito dá o seu primeiro passo para diante, torna-se menos rebelde às santas influências e é protegido pelos seres puros e devotados, cuja missão é socorrer e guiar as almas em perigo.
Tendes entre vós homens ardentes e generosos, cuja missão na vida terrestre é permanecer nos antros de infâmia e de vício, para salvar, ajudar alguns infelizes; e cujo amor e abnegação os coroam de glórias. Assim, entre nós há Espíritos dedicados ao trabalho de ajudar os aviltados, os abandonados. Por seus esforços, inúmeros seres se elevam e, salvos da degradação, prosseguem laboriosamente em longa purificação através das esferas de provação. Sabemos pouco a respeito das baixas esferas; sabemos apenas que há linhas de demarcação entre as gradações e as diferentes espécies de vício. Aqueles que desconhecem e recusam aceitar o menor vislumbre vivificante, que se revolvem na impureza e no vício, caem cada vez mais baixo, a tal ponto que perdem a consciência de sua identidade e são praticamente extintos, no que diz respeito à existência pessoal; é pelo menos o que acreditamos.
Ah! quão opressivo é esse pensamento. Tais casos são raros, atingindo somente a alma que, de propósito deliberado, rejeitou tudo o que é bom e nobre. É isso o pecado até na morte, de que falou Jesus aos seus discípulos. É o pecado de exaltar o animal até à extinção do espiritual, de degradar mesmo o corporal, de reduzir o homem ao nível do mais baixo dos brutos, e assim como o doente é corrompido e esmagado sob indômitas dores, o Espírito é reprimido e perde-se em insondável escuridão.
É isso o pecado imperdoável; não porque o Supremo não queira perdoar, mas porque o pecador quer que isso seja assim. Imperdoável porque o perdão é impossível ali onde o pecado é congenial e inacessível à penitência.
O castigo é sempre a conseqüência mediata ao pecado; não é uma medida arbitrária, mas o resultado inevitável da violação da lei. As conseqüências da transgressão não podem ser evitadas, ainda que pudessem ser disfarçadas pelo remorso, que sugere o desgosto da falta e o desejo de repará-la. Isso é o primeiro passo, depois uma melhor aspiração surge no Espírito, a atmosfera espiritual muda e os bons guias se apresentam prontamente para ajudar a alma que quer lutar. Ela é afastada dos inimigos; remorsos e aflições são consolados. O Espírito torna-se ameno e terno, sensível às influências do bem, e progride. Assim o pecado é expiado, a duração e a amargura do castigo são aliviados. Isso sucede em todos os tempos.
É de acordo com esse princípio que assinalamos a loucura da vossa conduta em face daqueles que transgridem as vossas leis. Se agíssemos do mesmo modo com os culpados não haveria redenção, e as esferas dos depravados estariam repletas de almas perdidas e arruinadas. Porém Deus é mais sábio e nós somos os seus ministros.

Leia na próxima Edição:    Seção IV

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