terça-feira, 29 de maio de 2012

Ensinos Espiritualistas – Sayonara(QUARAÍ-RS) – Mediunicamente

29/05/2012 - Terça-feira


Recebidos por
William Stainton Moses
(A.        Oxon)


Seção XXII
(Tendo Imperator deixado de comparecer, informei-me da causa que o retinha longe de nós; responderam que outro trabalho, fora do nosso planeta, o ocupava. Ele podia, disseram, influenciar-me sem estar perto de mim, mas outras preocupações podiam impedi-lo disso, e nesse caso eu devia atrair o seu pensamento. Nessa ocasião, como em outras, falou-me ele do que chamarei uma reunião de Espíritos em adoração solene por preces, louvores e intercessões. Outras informações autenticavam o fato, entre elas a seguinte, obtida a 12 de outubro de 1873:)
Recorremos à prece, ausentamo-nos por um tempo às ansiedades e cuidados inerentes a uma missão, dirigida sobre uma esfera inferior, procuramos a harmonia da esfera de adoração, o repouso perto dos Bem-aventurados, porque devemos fortalecer-nos, a fim de evitar a tristeza e não afrouxar a nossa tarefa. Ó vós que percorrestes os antros do vício, os refúgios da miséria, os recantos insalubres, vós que, tomado de desfalecimento e desespero diante de uma tal diversidade de males horrorosos, vos sentistes abatido e impotente para aliviá-los, tal era a vossa incapacidade, para trazer remédios eficazes – supondes erroneamente que não sentimos também ainda mais pungentes mágoas que as vossas, pois vemos com melhor clarividência as causas da dor, do crime, do desespero, e as hordas dos seres atrasados, artífices do pecado, que não nos são ocultas. Nada nos escapa, nem a miséria material, nem a tentação espiritual. Não nos associamos a vós sem respirar o ar do vosso ambiente, sem aspirar de algum modo o sopro da maldição.
O que experimentais ao contato das impurezas e pungentes misérias das vossas cidades populosas nada é comparado ao gélido estremecimento que se apodera de nós à aproximação da vossa sórdida atmosfera. Deixamos os ciclos de luz, de pureza, de beleza; separamo-nos dos seres aperfeiçoados, ativos e vibrantes de harmonia, para acharmo-nos no meio de um povo desobediente, incrédulo, votado ao materialismo, morto para a influência espiritual. Aqueles que entre vós nos ouvem, até um certo ponto, só tomam das nossas palavras o que lhes agrada e afastam-se quando se lhes pede o esforço que deve erguê-los da Terra e levá-los a um plano superior. A história de Jesus renova-se. Os homens seguem-nos enquanto a sua curiosidade está excitada ou o seu interesse pessoal está em jogo; mas quando queremos suprimir o elemento egoísta e tratar dos fatos eternos, eles se afastam por incapazes de compreender. E assim os benefícios que trazemos são rejeitados com ingratidão e a perspectiva de um mau êxito aumenta a nossa aflição. Então nos refugiamos na paz serena, para tornar a voltar cheios de harmoniosos eflúvios das esferas que nos sustêm nesses labores, em um mundo sem alegrias e entre um povo ingrato.
(Eu nunca tinha até então recebido comunicação moldada como esta no cunho da fraqueza humana, expressa com um acento quase desesperado. O tom de dignidade que bordava as precedentes comunicações parecia estar acima do da Terra. Nada é mais admirável na atitude e nas palavras de Imperator do que a sua absoluta superioridade em relação às fraquezas, aos cuidados mesquinhos e aos negócios terrestres. Parecia mover-se, como o fazia em verdade, em um outro mundo, ele tão desinteressado das coisas absorventes para nós outros, e que lhes era mesmo superior, pois as suas idéias tinha-as vastas e fixas sobre os assuntos de interesse capital. Entretanto, afligia-se e compadecia-se dos nossos desfalecimentos sem impressionar-se com as rajadas das paixões humanas. Ele estava “no mundo, mas não era do mundo”, trazendo de uma região serena algo da sua paz. Notei a mudança da sua linguagem. Deram-me esta resposta:)
Compadecemo-nos, mas não desanimamos. Pronunciamos estas palavras para saberdes que sacrificamos alguma coisa e somos acessíveis aos sentimentos que vos dirigem. Sofremos da agonia mental e da aflição espiritual. Sentimos espasmos tão reais como os que vos dilaceram o coração. Se não fôssemos, como dizeis, humanos em nossas simpatias, não poderíamos penetrar as vossas necessidades. Sabereis também um dia que, por uma lei ainda por vós desconhecida, o Espírito voltado à Terra apodera-se do tom humano, que perde logo ao afastar-se dela, de modo que se adapta à Terra e às idéias humanas.
(Os avisos que me haviam dado a propósito dos fenômenos físicos foram renovados com o conselho de me recolher. Além de tudo, fui advertido de não me filiar a círculos sem coesão, salvo para observar manifestações que eu quisesse descrever e publicar. Moderação era o que me recomendava. Não tínhamos renunciado às sessões, mas as realizávamos menos freqüentemente. Um caso notável se produziu a 14 de outubro de 1873. Um Espírito, que havia muito tempo se comunicava em nosso grupo, foi interrogado por um de nós a propósito de um livro que continha a narração de alguns fatos acontecidos durante a sua vida terrestre. Esse livro acabava de aparecer, mas nenhum de nós, a não ser o argüidor, o tinha lido. Confundiam-se datas e nomes na cabeça do nosso amigo, quando muito surpreendidos ficamos da nitidez com que a inteligência invisível corrigia cada erro, recusando absolutamente aquiescer a qualquer inexatidão e soletrando mesmo as palavras que eram mal pronunciadas.
Os sons produzidos eram muito expressivos, testemunhando o aborrecimento, a pressa, a irritação. As correções foram dadas com a máxima prontidão, antes que terminasse a pergunta e sempre com precisão literal. Não havia duvidar que tínhamos perto de nós um ser cuja individualidade era tão evidente como nunca e cuja memória não estava alterada nem tinha perdido nada da energia que a caracterizava quando viva. Atribuo a essa sessão o sentimento de convicção que começou a se estabelecer em meu ânimo; as inteligências que se comunicavam me pareceram, na verdade, ser ou ter sido as pessoas cujos nomes alegavam. O acento de negativa era tão perfeito, a resposta provocada tão humana, a correção tão natural, que um simulador não conseguiria imitar de modo tão sutil. No dia seguinte pela manhã, informei-me desse assunto.)
Fiquei muito surpreendido das vossas correções de ontem à noite.
(Resposta do Espírito:)
O livro é falso e incompleto sobre muitos pontos.
Travei relações com ... antes que ele se tornasse meu discípulo e vos disse a verdade, asseverando que eu estudava em Paris.
Não tenho dúvida sobre isso. Estais evidentemente muito interessado e aflito?
R. – É penoso ser interrogado sem razão, apresentando informações incompletas, imperfeitamente repetidas. Sei o que digo.
Não lamento o que se passou, pois isso me levou a conseguir a melhor prova de identidade até hoje obtida. É a isso somente que ligo importância.
R. – Sim, pois espreitais a ocasião de nos embaraçar.
Oh! não! só de provas é que tenho necessidade.
Seria difícil aumentar a quantidade de provas que tendes.
(A minha confiança nas informações ou nas provas sofreu muitas reincidências. Eu estava abalado pela suspeita de que o que se dizia não fosse literalmente verdadeiro, que se disfarçassem com supostos nomes, em outras palavras, que houvesse em tudo isso um mistério ou uma alegoria mistificadora ou, enfim, simplesmente encerrasse alguma coisa que eu não podia compreender. Essa disposição de ânimo, incompatível com o entretenimento das comunicações, rompeu completamente o nosso círculo. Compreendemos que era prudente suspender as reuniões. Imperator, por último, impôs-nos a dissolução e deixou-nos, pelo menos no que respeitava às sessões, com a mais formal proibição de assistir a outras reuniões ou de nos reunir depois da sua partida, repetindo a ordem expressa de refletirmos sobre o passado.
A escrita automática continuou espasmodicamente por assim dizer. Eu apresentava inúmeras perguntas sobre o que se passava a nosso respeito, e as respostas denotavam a mesma vontade determinada, em prosseguir no intento que caracterizava Imperator. Era evidente que uma inteligência nítida e resoluta se apresentava em antagonismo com o meu próprio espírito, pois eu nunca tinha sentido a tal ponto a presença da inteligência exterior. Planos elaborados com cuidado foram traçados e executados, argumentos lógicos empregados para defendê-los, sendo eu obrigado a admitir que o todo era coerente.
Naquela época, essa Inteligência escreveu uma longa narração, que me causou profunda surpresa e firmou-me a convicção de que realmente uma entidade sincera se ocupava comigo. Torno público extensivamente o que preferiria calar, mas não posso resolver-me a divulgar coisas puramente íntimas. Não me resigno a publicar tantas observações e particularidades pessoais senão na esperança de que possam servir para iluminar o conjunto dos ensinamentos e provar a identidade espiritual.)

Leia na próxiam Edição: Seção XXIII

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