quarta-feira, 30 de maio de 2012

Clube da Terceira Idade de Visconde do Rio Branco transforma em Assembléia eleição impugnada


30/05/2012 - Quarta-feira


Compareceram 118 sócios à Sede do Clube da Terceira Idade, situado à Rua Presidente Arthur Bernardes, no Bairro Coronel Joaquim Lopes, convocados para eleição que seria realizada às 20  horas desta quarta-feira, 30. Alguns apreensivos com a notícia da audiência de ontem em que a ala descontente, liderada pelo Sr. Adão Sapateiro(como é conhecido), havia entrado com recurso judicial contra a realização do pleito, por motivo de sua chapa ter sido impugnada pela Diretoria do Clube.

Cada um manifestava forte desejo de votar, mesmo sendo chapa única, como fora anunciado, mas havia, ao mesmo tempo, grande expectativa sobre o desfecho e consequências da ação judicial sobre o Clube. Quem se acostumou com seus bailes de sábado e domingo, e as festas de época, temia um grande impacto social, se a agremiação sofresse suspensão de suas  atividades. Esse impacto abalaria tanto os sócios, como os demais frequentadores que pagam entrada.  E existem várias senhoras de origem humilde que recebem as aulas de ginástica da atual presidente Dalva Amorim, como os idosos que passam o tempo naquela sede com jogos de cartas dos considerados que não são de azar.  E ainda são levadas em conta as aulas de dança em que participam pessoas nem sempre pertencentes ao quadro social. Muitos consideravam maldade descabida a tentativa de tentar um ato anti-social desta envergadura.

Diante desse clima, a presidente iniciou a sessão, reafirmando aos sócios que a presença de todos ali, naquele momento, teria por finalidade a eleição. Mas que ontem, terça-feira, pela manhã, recebeu uma intimação para audiência na mesma tarde no Fórum local para tomar conhecimento da suspensão do pleito, por força de liminar impetrado pelos adversários.

Durante a sessão, falaram, além da presidente, outros sócios que acompanharam a audiência.  As explicações em conjunto mostravam ao público que a liminar tem efeito imediato, sem julgar o mérito da questão. E que, de acordo com exposições da Juíza que presidiu a audiência, “A Justiça é lenta. E um processo desta natureza demora no mínimo um ano”. 

Para ilustrar o caso, foi lembrada a situação de Juvenil Alves, deputado eleito pelo PT de Minas Gerais, o mais votado no Estado, envolvido em vários crimes eleitorais, em 2006, na época apontados como Mensalão, Operação Castelhana, Falsidade Ideológica, Sonegação Fiscal, Formação de Quadrilha, Peculato e outros... que o tornavam inelegível.  E, usando do recurso de liminares, concorreu, diplomou-se e tomou posse,  até o seu julgamento ser decidido em última instância, no Supremo Tribunal Federal. Quando, então, teve o mandato cassado.  Este exemplo teve somente o objetivo de fazer o conjunto da Assembléia entender a força de uma liminar.

Em seguida, foi narrado aos presentes que a Audiência se deu em clima de muita civilidade, graças à habilidade da Juíza em discorrer sobre os valores da democracia, aonde a eleição com maior número de concorrentes conduz a resultados condizentes com a vontade da maioria. 

Neste ponto, tornou-se necessário contar que a Juíza tomou conhecimento, através de testemunhas da presidente, de que, em data ocasião, ela, presidente, ouvira dizer que muita gente a queria fora do cargo. E que, por esse motivo, Dalva convocara uma sessão para que todos se manifestassem. Sua intenção era de que, se os sócios a quisessem fora, ficassem de pé; se quisessem sua permanência, ficassem assentados.  E o resultado fora de 5 em pé, em uma assembléia onde 104 assinaram o livro de presença; alguns entraram sem assinar, e que então sua rejeição não chegava a 5%.  Não contente, pensando que alguns ficassem sentados por constrangimento, perguntou:
- Vocês querem que eu  ficque ou saia!
E a resposta veio em forma de clamor:
- Fique, continua!!!!.
E ainda pediu para assinarem a Ata os que desejassem sua permanência.  E todos correram a fazer fila entusiasticamente para assinar no Livro. 

Os sócios presentes ouviram essa narrativa como fato repetitivo, porque foram eles mesmos que participaram daquela assembléia.

O objetivo era contar o quadro da Audiência, onde também, por voz de testemunhas, a Juíza tomou conhecimento de que o patrimônio imobiliário do Clube multiplicou-se nesta gestão, passando de uma sala para três, em dois pavimentos.  E que a Agremiação tem promovido grande trabalho de inclusão social, onde convivem pessoas de várias idades e de várias classes, que estariam marginalizadas fora deste tipo de atuação. 

Ainda havia perplexidade, quanto ao desfecho da situação, por estar o atual mandato no fim.

Foi necessário transmitir a todos que a Juíza decidiu que o Clube não pode ficar acéfalo. E cabe à atual Diretoria administrá-lo até que se faça um acordo entre as partes, ou até o julgamento final do processo que, se correr em todas as instâncias, não há tempo previsto  de encerrar.

Houve, neste momento, a liberação de uma emoção contida e um sentimento de alívio generalizado. O que era tenso, virou sorriso.  E que Dalva, ao invés de ter seu mandato interrompido, teve-o prorrogado de fato, conforme a vontade de 95% dos sócios e outros tantos frequentadores desta e das cidades vizinhas que já se acostumaram com um ambiente sadio.  Neste momento foi colocada uma proposta:>  Quem não concordasse com a administração, deixasse de assinar a Ata livremente.  E o pessoal novamente fez fila.

Dalva realiza uma oração antes de cada baile, de cada sessão, de cada assembléia, em que conhecidos e estranhos se dão as mãos.  Este ato  desarma os espíritos. E tem maior efeito do que o desarmamento do governo sobre cidadãos comuns, enquanto as quadrilhas continuam fortemente armadas.

A violência em si independe da ferramenta usada.  Quando os espíritos não estão desarmados, uma cadeira, uma garrafa, uma faca de cozinha, um tijolo, uma pedra podem causar lesões e mortes em qualquer lugar.
   
(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)

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