terça-feira, 22 de maio de 2012

Ensinos Espiritualistas – Sayonara(QUARAÍ-RS) – Mediunicamente

22/05/2012 - Terça-feira


Recebidos por
William Stainton Moses
(A.        Oxon)


Seção XVII

(Todos os meus amigos imaginavam que eu não persistiria nas minhas objeções. Entretanto, a consciência não me permitia escolher outro caminho, era-me preciso procurar até aos limites extremos as provas da singular revelação que me agitava tão violentamente. Eu não estava satisfeito e, todavia, desejava estar em um ou em outro sentido. Depois da conclusão do argumento de Imperator, refleti sobre ele durante dois dias e, a 14 de julho de 1873, enumerei os pontos que, a meu ver, restavam obscuros:
1º)   a identidade;
2º)   a natureza e a obra de Jesus-Cristo;
3º)   a evidência exterior conforme as afirmações produzidas.
Pedi que por outro médium me fossem dadas comunicações independentes e externei a intenção de eu mesmo procurar um, com o fim de obter alguma coisa de autêntico. Contradisse também as opiniões emitidas em relação aos ensinos, sob as suas formas diversas. Exprimi lealmente a minha convicção de momento, mas desconhecia que as minhas observações apenas tinham por base um conhecimento muito incompleto; elas foram depois esclarecidas de diferentes modos; suficientemente, em todos os casos, para me certificar de que o que não fora ainda explicado sê-lo-ia oportunamente. Mas, nessa época, achava-me longe de estar convencido, e até manifestava enfaticamente a minha oposição. Eis a resposta:)
Alegais, amigo, que a vossa objeção tem sobre as nossas o mérito da candura e da perspicácia. Compreendemos a vossa perplexidade e não podemos supri-la; ainda que fosse isso possível, não o faríamos. Não aprovamos o programa que quereis impor, não por má-vontade, pois que desejamos convencer-vos, mas porque não somos onipotentes e porque só podemos influenciar-vos pelos processos ordinários de argumentos e evidência; por eles não atingirem ainda o vosso entendimento, é preciso esperar.
Não vos acompanhamos no terreno em que vos colocais; as vossas perguntas já foram respondidas na medida conveniente e o que poderíamos acrescentar seria sem valor. É ocioso entrar em particularidades de opinião e é de importância secundária que o que dizemos vos pareça de acordo com o que fazemos ou fizemos. Não estais em condição de julgar imparcialmente. Fica também fora de combate que o resultado eventual do que chamais espiritualismo seja o que obtereis. A vossa vista é circunscrita, a nossa é mais clarividente e abrange mais vastos espaços. Reconheceis a grande moral do nosso ensino. Quer o admitais como o legítimo desenvolvimento do Cristianismo, quer acrediteis nele ou não, isso pouco importa, pois que o mundo tem necessidade dele e mais cedo ou mais tarde o receberá com reconhecimento.
Esperávamos ter achado em vós um instrumento conveniente, que não abandonamos ainda, pois a crise que atravessais é transitória e à dúvida sucederá uma convicção firme. E ainda que fosse de outra maneira, nós nos curvaríamos e procuraríamos de novo o necessário para continuar a nossa tarefa. Poderemos lamentar vendo os nossos esforços mal interpretados ou retardados, mas não temos o poder de vos obrigar a aceitar uma crença que vos seria auxílio poderoso; deveis decidir em plena liberdade de espírito. Toda tentativa para provar a nossa identidade de acordo com o modo que quereis impor-nos seria pior que inútil; produziria um insucesso. Talvez nos seja possível dar, de tempos em tempos, provas colaterais, aproveitando para isso, com prazer, a oportunidade que nos for oferecida e, se as vossas relações conosco se prolongarem, verificareis mais tarde que essas provas são acumuladas em grande número.
Mas a validez das nossas afirmações deve apoiar-se em base sólida. É para o terreno moral que vos chamamos; reconhecereis um dia, temos fé, que as manifestações físicas são transitórias e insuficientes. O vosso espírito não está bastante cultivado para examinar com cuidado judicioso a evidência moral. Se, como o sustentamos, somos de Deus e não do demônio, não é verossímil que componhamos uma história que tivesse de ser recebida com zombaria; se somos oriundos do mal, como vos inclinais a crer, resta-vos demonstrar como uma história, que traz os sinais de uma origem divina, pode provir de fonte corrompida. Não nos incomodamos absolutamente com essas asserções. É para o fundo da mensagem e não para o caráter do mensageiro que invocamos a vossa atenção. Para nós mesmos é indiferente; para a obra de Deus e a verdade de Deus é sério. Para vós e o vosso futuro, é de importância vital. Estais ofuscado pela revelação de que fostes o centro e que vos foi dada copiosa e rapidamente. É preciso deixar-vos tempo a profunda e ponderada reflexão. Retiramo-nos para vos deixar em paz com os vossos pensamentos; não estareis só, deixar-vos-emos com guias mais vigilantes, mais experimentados. Essa conduta é preferível também para nós, porque, após uma palavra mais ou menos prolongada, saberemos se podemos recomeçar a tarefa ou se, depois de ter perdido um tempo precioso, é preciso trabalhar em outra parte. Seria bem penoso o desapontamento de ver cair, antes da maturação, um fruto que nos custou tanto labor e prece! Devemos conjuntamente agir de acordo com a luz guiadora das nossas ações. Como somos responsáveis por ela diante de Deus, devemos deixá-la exercer-se livremente. As nossas preces não serão nem menos freqüentes, nem menos ardorosas, e temos confiança de que elas serão mais eficazes. Adeus, e possa o grande Deus guiar-vos e dirigir-vos.
Imperator
(Depois dessa sessão, fiz várias tentativas infrutíferas para obter comunicação, e fui, como o tinha dito, à casa de um médium que não me conhecia. Experimentei o melhor possível autenticar algumas informações sobre os meus guias e sobre a identidade de Imperator: nada consegui. Informaram-me que o Espírito que se achava comigo chamava-se Zoud, historiador russo. Quando voltei para casa, escrevi uma pergunta sobre esse assunto e obtive a resposta de que a informação era falsa, depois do que escreveram:)
Contrariamente aos nossos conselhos, comunicastes-vos com Espíritos que vos não conhecem nem estão em harmonia convosco; dessas comunicações só colhereis informações falaciosas que vos causarão perplexidades.
(Reclamei energicamente, acrescentando que teria sido simples satisfazer-me ao meu desejo arrazoado.)
Não. Desejaríamos dar-vos prazer, mas o Chefe nos ordenou abstenção, e não vos pudemos impedir de ir onde quisestes. Insistimos vivamente sobre o perigo ao qual vos expondes, ensaiando essas espécies de experiências. Só necessitais de paciência. Tentar arrancar à força o que desejais só pode causar aborrecimento e aflição a todos nós. Repousai em paz e aguardai o resultado. Cada passo prematuro é uma falta. O Chefe fará o que deve ser feito.
Mas, pareceis coligados para me enlouquecer. Não podeis fazer nada do que peço?
Amigo, não podeis obter a prova matemática que pedis apaixonadamente; não podemos dar mais provas justamente no momento em que as reclamais. Não seria para vós, mesmo que o pudéssemos. Tudo é disposto sabiamente.
(O Espírito que se comunicava assim era o que tinha dado as primeiras comunicações. Fui obrigado a parar sem obter outras respostas. A 24 de julho de 1873, foram apresentadas algumas perguntas sobre pontos teológicos, entre outras uma que tinha relação com a passagem: “Eu e meu Pai somos um.” (João, X, 30). Eu tinha insistido no decurso da conversação sobre essas palavras contradizerem as alegações de Imperator. Apresentei uma nesse sentido e obtive esta resposta:)
As palavras que citais devem ser comentadas. Jesus estava em Jerusalém na festa da Dedicação. A tão debatida pergunta dos judeus: “Se és o Cristo, di-lo claramente”, foi repetida.
Como vós, eles queriam um sinal para resolver as suas dúvidas. Como nós, ele atribuíra às palavras e ao teor do seu ensino evidências da sua origem divina. Aqueles, disse Ele, que estiverem preparados, as “ovelhas de seu Pai”, ouviriam a sua voz e a ela responderiam. Eles reconheciam a sua missão. Os argüidores não podiam aceitá-la, porque não a compreendiam, visto não se acharem preparados. Os que o estavam entendiam e seguiam a Jesus, ao progresso, à felicidade, à vida eterna; achavam-se mantidos na mão do Pai, confiantes na missão que devia regenerá-los assim como à Humanidade, e o Pai e o Mestre eram um. “Eu e meu Pai somos um.” Os judeus compreenderam que Jesus queria atribuir a si as honras divinas e o apedrejaram. Ele justificou-se. Como? Admitindo a sua divindade e defendendo a sua pretensão. Não, em verdade. Mas Ele, o puro e verídico Espírito do qual nenhuma sombra de duplicidade jamais tem escurecido a transparente sinceridade, perguntou com surpresa aos seus perseguidores por qual dos seus milagres queriam eles apedrejá-lo. Por nenhum, disseram, mas por teres afirmado blasfêmia notória: a tua união com o Deus indivisível. Assim provocado, Jesus pôs deliberadamente abaixo a acusação. “Se (disse Ele), em vossos próprios anais sagrados, o termo “Sois deuses?” é aplicado àqueles nos quais o Espírito foi derramado, como é então uma blasfêmia dizer dAquele que o próprio Pai santificou e pôs à parte para uma obra especial: “Ele é o Filho de Deus?” Se duvidais, olhai para as minhas obras. Não há nelas usurpação nem pretensão à Divindade, mas ao contrário.”
(A 25 de julho de 1873, Imperator exerceu a sua influência em nossa sessão, deu algumas informações, mas não fez nenhuma alusão ao meu estado mental. Os outros membros do grupo não simpatizavam com a minha ansiedade e viram as suas perguntas respondidas e os seus problemas resolvidos. A inércia do meu espírito não afetou, porém, as condições do trabalho. Então um dos meus amigos, que havia pouco tempo deixara a Terra, foi trazido e forneceu-me uma prova evidente da sua identidade, citando-me fatos, conhecidos somente dele e de mim. Ainda que impressionado, eu não me achava satisfeito. Aproximando-se a época das férias, deixei Londres para ir à Irlanda. Aí recebi curiosas comunicações concernentes a um amigo doente em Londres; mas nenhuma se relacionava com as perguntas a resolver. Fui em seguida ao País de Gales e recebi a 28 de agosto de 1873 uma comunicação de Imperator, a qual é necessário transcrever. Eu havia tentado voltar ao objeto das minhas preocupações e fui advertido de que a minha insistência me era prejudicial. As minhas condições físicas eram más e o meu estado mental estava perturbado, por isso convidaram-me a recordar o passado antes que procurar penetrar o futuro.)
Ocupai-vos do passado, meditai sobre o valor moral das nossas palavras. Não vos censuramos por dúvidas, que são a conseqüência natural da disposição particular do vosso espírito; apenas indicamos que essa tendência não vos é favorável para julgar com imparcialidade. A vossa natureza impetuosa vos conduz muito à pressa e o vosso espírito levado à dúvida vos mantém em uma agitação deplorável. É preciso dominar esse ardor e evitar formular conclusões prematuras, deixando de criticar pequenas particularidades e de dar importância ao que chamaremos a base do nosso ensino.
Recordai-vos, amigo, de que as dúvidas e dificuldades que apresentais elevam uma barreira entre nós, detêm o nosso progresso e obrigam-nos a reservar muitas coisas. Isso é inevitável. Libertai o vosso espírito, de uma vez para sempre, pelo firme exercício da vossa vontade; libertai-o dos nevoeiros que obscurecem o julgamento. Esperamos que conseguireis isso depois do repouso e do insulamento. É essencial que o grupo com o qual nos comunicamos esteja em perfeita harmonia. As dúvidas são para nós como o nevoeiro da terra, que desvia o viajante; não podemos trabalhar no meio delas. É certo que um exame sincero e imparcial do passado afastará esse nevoeiro, que se dissipará à medida que o sol da Verdade se elevar no horizonte, e vós então ficareis admirado das perspectivas que se desenrolarem aos vossos olhos.
Não rejeiteis a novidade pelo fato de ela vos surpreender. Procurai apreciá-la em seu valor ou colocai-a de lado, esperando outros esclarecimentos. Tudo vem à vontade de Deus para a alma sincera e leal. Tende presente ao pensamento que nada sabeis sobre inúmeras coisas novas e verdadeiras. Tendes muitas verdades novas a aprender e antigos erros a olvidar. Esperai e orai!
Imperator

Leia na próxima Edição:
Seção XVIII


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