quinta-feira, 31 de maio de 2012

A cultura de Visconde do Rio Branco faz o povo pensar



31/05/2012 - Quinta-feira


A cidade está vivendo um tempo de efervescência cultural, muito salutar, quando o quadro político é delicado. As redes sociais da Internet revelam a preocupação dos rio-branquenses ausentes com os acontecimentos da “terrinha”, como muitos dizem.

As iniciativas com bastante antecedência para o Festival de Cinema Geraldo Santos Pereira para acontecer no final do mês de julho tiveram importância fundamental para esse borbulhar de sentimento por duas razões: primeira, nunca houve evento desta natureza em nosso Município; segunda, trata-se de ver a história de um conterrâneo que se foi embora ainda menino, estudou, trabalhou e venceu na arte a ele reservada pelo destino.  Na verdade, não só a ele.  O seu irmão gêmeo Renato, falecido em 1999, participou de sua obra grandiosa, com destaque para os temas históricos do Barroco Mineiro. Enquanto um dos lados das Minas Gerais girava em torno do ouro, nossa Zona da Mata e, especificamente, o Presídio de São João Batista, cumpria o papel de impedir a passagem do contrabando do metal precioso para as outras províncias do Império.
Trailler do Filme

Neste meio tempo, levantaram-se os protestos sobre a agressão ao patrimônio histórico e cultural do centro da cidade, quando evolui há várias décadas a mentalidade de que é preciso descentralizar as atividades, para desenvolver a periferia, preservar o que resta de prédios valiosos para tombamento, e descongestionar as imediações da Praça 28 de Setembro, em raio de pelo menos um quilômetro, tendo como referência o Jardim.
Casa da Marizinha - Rua Floriano Peixoto. Imagem: Isah Baptista

Casa do Chicre Amin. Rua Floriano Peixoto. Imagem: Isah Baptista

Nos protestos, começaram a ser divulgadas fotos dos prédios antigos. A febre tomou conta nas redes sociais.  Imagens de ruas diversas, da Capela de Santo Antônio, e estendeu-se ao seio das famílias. 

Igreja de Santo Antônio. Imagem: Danton Ferreira


Newton Dias Passos disse de Brasília: “baixou uma onda de saudosismo na cidade”, e acrescentou:

- Também fico impressionado. Eu ainda me lembro de ver a maioria deles. Também a Rua do Quebra, ali no começo, era assim, mas aí eu já conheci mais descaracterizada. Nossa cidade se conservada, seria  uma atração turística, pois se assemelhava muito a centros que preservaram bem mais, como Diamantina e as cidades históricas da região do Ouro Preto. Uma pena mesmo. Uma outra aberração foi deixarem destruir a Usina Central. Também a Casa Teles.
Rua Voluntários da Pátria .Imagem: Isah Baptista 

Engenho Central - 1885.  .Imagem: Isah Baptista 


A Rua do Quebra sobre a qual fala Newton é a Voluntários da Pátria, onde demoliram recentemente o sobrado do Sr. Antônio da Silva Valente.  Com o tempo, a denominação de Quebra passou para o final da Rua Santo Antônio.

Neste clima de mobilização espontânea surgiram debates políticos, às vezes com orientação partidária preconcebida.  Em ano eleitoral, é natural que alguma corrente queira tirar proveito da comoção social.  Mas há o lado positivo de fazer o povo pensar.

No momento, estão sendo divulgadas as músicas classificadas para o 12º FEMUP – Festival de Música Popular, um evento ressurgido dos Festivais estudantis dos anos 70, que ganhou status oficial promovido pela Prefeitura.  E nesta cidade a música abrange toda família, pela vocação nata de nossa gente e impulsionada pelo Conservatório Estadual, a Filarmônica Rio Branco, a Sociedade Musical Treze de Maio, a Banda Vadim Viche e um sem número de conjuntos,  compositores e cantores que se apresentam nos clubes, nos bares e nas rodas de passa-tempo despretensiosas.   
 
Imagem de Isah Baptista
Imagem: estacoesferrvias.com.br

Sede da Sociedade Musical 13 de Maio. Imagem: Isah Baptista

O FEMUP acontecerá nos dias 7, 8 e 9 deste mês que está começando(quinta, sexta-feira e sábado).  Toda atividade musical faz pensar.  Basta considerar o quanto as mensagens musicais influíram na formação de cada um de nós e até na nossa filosofia de vida. Além da terapia que ela oferece. Desde a música de raiz, o sertanejo, passando pelos estilos variados da vida boêmia, romântica, pagodes até o erudito. 

Neste mês de junho ainda temos as festas tradicionais de Santo Antônio, São João e São Pedro, que compõem o nosso folclore, e em todos a música está presente.

Nesta mistura de acontecimentos, o povo se encontra, diverte e conversa. E extrapola suas preocupações. Neste ponto, os movimentos culturais exercem sua importância, na consideração de que hoje escrevemos a história de amanhã, porque estamos lendo a história de ontem.  Os erros de agora, em relação ao passado, vão refletir no julgamento futuro do que cada geração contribuiu para o bem ou para o mal.

Passadas as fogueiras, as festas folclóricas se estendem até meados de julho, em cujo final o Festival de Cinema Geraldo Santos Pereira mostrará os trabalhos dos cineastas rio-branquenses Jacynto Batalha, Luciano Benhame, Jorge Luiz da Silva(Jor-Som) e José Augusto Costa Henriques(Muleta-sobrenome artístico).  Em seguida as obras dos gêmeos Renato e Geraldo Santos Pereira: O Aleijadinho, Rebelião em Vila Rica, O Seminarista.  Até aqui, as sessões acontecerão no Auditório Jotta Barroso, de segunda a sexta-feira. Para fechar o Festival, no sábado, a exibição acontecerá na Praça 28 de Setembro, com telão em frente ao Cinema Brasil, e a platéia acomodada na rua paralela ao balaústre e parte do jardim, para o filme EU É GERALDO, produzido pela Café Pingado Filmes, sob direção de Erick Leite.  É a história desse rio-branquense que saiu ainda criança de Visconde do Rio Branco, estudou na França e conviveu com personalidades famosas, como Ivo Pitanguy, Ary Barroso, Guimarães Rosa e Juscelino Kubstichek. 

A organização do Festival está sendo liderada pelas professoras Theresinha Almeida Pinto – Diretora do Museu Municipal – e Maria de Lourdes Torres – Secretária Estadual da Educação. 

Há planos de institucionalizar o Festival de Cinema como evento oficial  para ser realizado sempre no mês de julho de cada ano, período favorável, porque coincide com férias escolares.  Isto pode contribuir para difundir entre os jovens o interesse pela cultura, pela Sétima  Arte e pela história em geral.

Pelo que estamos vendo acontecer nestes dias entre os rio-branquenses, somos levados a concluir que Visconde do Rio Branco é uma cidade que pensa.   

O Festival de Cinema Geraldo Santos Pereira encerra um ciclo de eventos do ano.

Logo depois, começa outro, com a Semana da Cidade em Setembro que terá sequência com o ENCONTRO DE AMIGOS DE Visconde do Rio Branco, em DATA prevista para 12, 13 e 14 de outubro de 2012. PROGRAMAÇÃO - SUJEITA A ALTERAÇÃO, conforme informa Luiza Miranda.
Visão aérea do Centro da Cidade. Imagem: Isah Baptista


(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)

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