12/04/2012 - Quinta-feira,23:41
Quando houve ameaça de transformar o Estádio da Boa Vista Joseph Lambert, o campo do Nacional A.C.m em condomínio fechado, pouca gente imaginava a possibilidade de haver uma mentalidade ou um plano de destruir a identidade do povo rio-branquense.
Imagem: Consciência da Mata
Quando dona Theresinha Almeida Pinto deixa a presidência do Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Visconde do Rio Branco, porque “o interesse imobiliário e o desinteresse do poder político estão juntos”, algo de grave está acontecendo no cenário ético e moral do Município.
Nota-se que Professora usou a elegância do eufemismo interesse para não dizer especulação.
Segundo Marco Aurélio, “a Promotora Dra. Letícia Vidal Tropoli informara à área de comunicação da Procuradoria Geral da Justiça que teria dado um prazo de cinco dias para que a prefeitura informasse sobre a tramitação das autorizações para demolição dos imóveis e se eles eram inventariados”.
Dona Theresinha afirma: “Quanto às casas mencionadas, elas não eram tombadas, mas eram inventariadas, o que, realmente, nada significa, ao que parece.”
Imagem: Consciência da Mata
Vem de algum tempo que o cenário histórico do centro da cidade vem sendo agredido, com a destruição de casarões antigos para a construção de “espigões”, alguns com status de condomínio fechado. E esta área central ficou descaracterizada com a mistura do “moderno”, nem sempre de bom gosto, às vezes caixotões, com o histórico de fachadas artísticas artesanais, que trazem – ou traziam – a marca do artista como impressão digital. É a sintonia entre o oficial e o contratador da obra. Uma identidade de casa em casa que formava a imagem do lugar. Destruir essa identidade significa uma forma atualizada de colonialismo, talvez para a implantação de uma nova cultura, ou uma nova identidade.
Praça 28 de Setembro. Imagem Isah Baptista
Praça 28 de Setembro. Imagem: Luiz Bareza
A forma de destruir a arquitetura clássica mineira, consagrada pelo tempo, seria uma punhalada na memória de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. E quantos artistas anônimos deixaram suas marcas nesses casarões antigos?
Se querem trazer o progresso em forma de edificações, há muito espaço fora da área histórica. As ruas e avenidas expressas, que ligam o centro à periferia, oferecem oportunidades que podem ser aproveitadas sem ofender a memória. Os construtores comerciais devem abrir mão de aproveitar o metro quadrado mais caro do município, e ajudar a valorizar outros pontos. Todo mundo sabe que o preço do material de construção é o mesmo para edificar nas áreas de valores imobiliários deferentes. Daí a sede do lucro fácil, na venda de um apartamento no centro ou na periferia.
Mas a construção de imóveis tem que ter também uma finalidade social. Dar oportunidade às pessoas de menor poder aquisitivo de morar em uma casa ou apartamento de melhor qualidade. Já exageraram em jogar para ao alto dos morros e beira de rio os cidadãos de baixa renda. Agora, invadir o que a cidade tem de mais nobre, a sua imagem clássica, não cabe no entendimento de uma mentalidade social.
Casa da Sra. Mariazinha. Imagem: Isah Baptista
Casa do Sr. Chicre Amin
(semelhança, alinhamento, harmonia, detalhes)
Já estamos sendo prejudicados com crimes identificados com tráfico internacional de drogas, praticados dentro de nossos domínios. O casal do parlamentar boliviano e da goiana que tiveram roteiro Brasília-Goiânia-Ribeirão Preto-Belo Horizonte-Visconde do Rio Branco, e mortos em estrada de nossa zona rural. Lugar parecido com aquele onde foi morto a pedradas do taxista Sebastião Carmanini. Estes e vários crimes bárbaros que têm acontecido aqui, dão sinais de que algo de podre ronda a terra que foi Princesinha dos Canaviais.
É hora de a indústria imobiliária ajudar a conservar o que há de bom no Município. Deixar em paz seu patrimônio histórico. Faz tempo que se busca a descentralização das atividades municipais. Os bairros de Lourdes, Jardim Alice, Dulcília Carone, Barreiro, São Jorge; e as vias expressas: Av. Dr. Carlos Soares, Av. São João Batista, Theophille Dubreil, Rua Santo Antônio, Av. Avelino Cardoso... todas dispõem de muito espaço para construção de espigões, ou condomínio fechado, que podem valorizar o seu metro quadrado e o seu aspecto urbano.
Divulgamos, a seguir, Ata sobre a demolição dos dois principais prédios históricos, de 05 de dezembro de 2011:>
CONSELHO CONSULTIVO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO VISCONDE DO RIO BRANCO –MG
Ata da reunião extraordinária do Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Visconde do Rio Branco realizado no dia cinco de dezembro de 2011, às 09:00 horas, na sala de reuniões do Prédio da Prefeitura Municipal de Visconde do Rio Branco, onde estiveram presentes os Conselheiros indicados pelo Decreto Municipal n. 001/2011, titulares e suplentes: Eloina Pires Oliva, Heloísa Helena Reis Guimarães, Helenice Torres Capobiango, Maria de Lourdes Torres, Maristela dos Santos, Aparecida Maria Lazarini e como convidada a Sra. Laíse Pinto para deliberar sobre a pauta do dia que foi discutida item por item..
A leitura da ata da reunião anterior, sua aprovação e assinatura dos membros presentes, feita pela secretária Helenice Torres Capobiango e assinada pelos demais membros presentes na mesma. Deu início a reunião a presidente Eloina Pires Oliva, enumerando os assuntos a serem tratados, antes, primeiramente, desejou um ano novo de muita realização do Setor Patrimônio de Visconde do Rio Branco.
Já falando de projetos, a mesma apresentou o Plano de Investimentos que o Setor de Patrimônio propõe para o próximo ano. O plano constitui a finalização das obras de reforma do prédio da prefeitura, Elaboração do Projeto Contra Incêndio do Museu Municipal e construção da Sala de Reserva Técnica; realizar estudos preliminares e inventariar o patrimônio cultural material e imaterial da cidade; inventariar e documentar a história dos cruzeiros junto ao IEPHA; Pesquisa, documentação e inventário da história da passagem da ferrovia visando o tombamento; Projeto e Reforma do Prédio do Cine Teatro Brasil; Execução de reforma e manutenção com projeto de iluminação dos cruzeiros tombados. Discutido e aprovado após sua apresentação. A presidente reitera que esses projetos já propostos devam continuar em pauta até que se formulem normas de procedimentos sancionadas por decreto, para ganhar caráter deliberativo.
A Sra. Heloísa Helena Reis Guimarães acrescenta que as instituições culturais conveniadas com a prefeitura deveriam desenvolver projetos anuais, para a manutenção do convênio, em assuntos correlatos ao plano de investimento, ou mesmo que para o próximo ano quando o setor formular os estudos preliminares possam chamá-los para uma reunião e socializar as intenções.
A convidada Sra. Laíse Pinto encaminha em reunião do conselho o documento oriundo do setor de Cadastro Imobiliário sobre a demolição de dois imóveis em área de proteção urbanística, sob protocolo nº 5810/2011 do Sr. Gilberto Cadedo. A Sra. Laíse Pinto informa que existe uma observação anexa ao pedido que:
“...as características dos imóveis a serem demolidos são similares e próximos aos imóveis que este conselho aprovou as respectivas demolições... de 2009...”, aproveitando ela faz uma explanação à respeito da subjetividade que envolve cada imóvel analisado. Informa que a proximidade é uma questão de um planejamento maior, similaridade exige mais variáveis e que o cuidado em se trabalhar com preservação onde já se restringiu a esfera “arquitetura significativa” de um determinado momento histórico, não nos deixa extrapolar. O escopo do raciocínio já possui elementos pré-estabelecidos. Ela ainda faz um pedido para que sejam desenvolvidos um planejamento com normas de procedimento dentro de uma unidade de diretrizes para que se chegue a um único objetivo: preservar com coerência (histórica, urbanística, e arquitetônico) e unidade. Dado o grau de subjetividade arrolado em seu discurso, dada a enumeração da falta de normas, dada a falta de divulgação do setor para a preservação do patrimônio, dada a impossibilidade do envolvimento do setor com uma mídia de informações para que o cidadão (o protagonista das relações com o patrimônio), externando sua preocupação o processo de gentrificação. A Sra. Laíse Pinto faz então um pedido de laudos emitido por outros profissionais contratados ou mesmo do IEPHA, para que não se estabeleçam arbitrariedades.
Sem mais nada a tratar eu, Helenice Torres Capobiango, Secretaria do Conselho de Patrimônio, encerro, juntamente aos demais presentes.
(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)
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