sexta-feira, 13 de abril de 2012

Discurso de Brizola no Exílio - Encontro de Lisboa

 13/04/2012 - Sexta-feira, 16:16

..... o
veterano presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, que é o nosso companheiro Benedito Cerqueira, deputado do PTB, cassado em 64 e no desterro há mais de 15 anos.

Continuação:




Nós, sem atuar assim especificamente, proporcionamos esse encontro. Aliás, os sindicalistas realizaram um encontro também de grande expressão, que até nos inspirou para o nosso Encontro, para dizer bem a verdade. Reuniram a Oposição Sindical no exílio com a Oposição Sindical lá dentro. Fizeram uma excelente reunião na Bélgica, que foi uma lição para a vida brasileira, porque tem havido uma separação muito grande entre nós, que nos encontramos no exílio, nós “meio leprosos”, com os companheiros lá de dentro do Brasil. E isso nós precisamos quebrar. Compreendo, foi uma contingência dura, porque houve uma época em que ia um companheiro me visitar no Uruguai, não demorava uma semana, “zas”!... Cortavam o seu pescoço – cassavam. Então era natural que houvesse um distanciamento. Agora, na hora em que o espaço político vai abrindo, nós precisamos ir restabelecendo a fraternidade, porque o Brasil necessita do trabalho de todos e a experiência que os brasileiros adquiriram no exílio é algo de um valor inestimável para o povo brasileiro. O povo brasileiro é um  povo que viveu sempre isolado, bloqueado dentro de suas fronteiras e nós necessitamos, justamente agora, aproveitar ao máximo estas experiências.
O trabalhismo e a auto-organização, portanto, é um tema de grande importância. Além do sindicalismo, são as organizações populares de todo tipo e ordem que o trabalhismo tem de estimular. E organizações pluralistas: aí tem que estar todos, gente de todas as cores, todos os pensamentos para que a comunidade possa trabalhar unitariamente nesses organismos.
Nós queremos parcerias com todas as organizações porque vocês, sindicalistas, para nós são um pouco a nossa natureza.
O dia em que não tivermos esta natureza, deixaremos de ser o PTB. E nós não queremos nada de vocês. Vocês vão nos ter sempre ao lado de vocês sem nada pedir. Esperem para ver. O tempo vai demonstrar. Porque o nosso partido sempre esteve ao lado de vocês, mesmo com nossos problemas, defeitos e erros. Quem não os teve? Historicamente o mais provável é que não poderíamos ser melhor do que fomos. Tanto é assim que ninguém, nenhum outro partido foi melhor do que o PTB. Pois enquanto crescíamos, os outros diminuíam.
Outra questão importante é a da propriedade social e da propriedade privada. Lutamos por um outro tipo de propriedade, mais social, mais justa, mais solidária. Mas não excluíamos a outra, de golpe, porque irá sendo substituída. Por exemplo, propugnamos pelo cooperativismo em todas as suas formas, na produção, no consumo, na distribuição. À medida que o cooperativismo for avançando, enraizando-se no interesse popular, quaisquer outras estruturas capitalistas, exploradoras, tendem a desaparecer. Aliás, no meu Estado, existem áreas onde o cooperativismo é já tão forte que eu duvido que haja lugar para uma multinacional colocar lá suas bombas. Somente poderão fazê-lo através de uma agressão econômica, que nossas leis certamente não permitirão. Mas não há mais lugar para outro tipo de propriedade, porque elas estão ocupadas por um tipo de organização, de relacionamento produtivo e econômico que está enraizado no interesse real da população.
É uma nova estrutura, mais justa, mais solidária, mais humana, que tem vida própria, estável, consolidada.
Eu gostaria de ler estes tópicos: “O trabalhismo considera que a propriedade, o capital e todos os bens e fontes de produção têm, acima de tudo, uma função social e seu uso, aproveitamento e exploração estão condicionados aos interesses da coletividade e ao conjunto da Nação. Por isso mesmo, é da essência do trabalhismo promover a diversificação e a democratização das relações produtivas, de modo que ouras formas de gestão e propriedade dos meios de produção, de natureza mais justa e social, com base na cooperação e na solidariedade, possam ser incorporadas crescentemente à vida econômica, independente do Estado, mas enraizadas nos interesses reais e diretos da nossa população. Nesta perspectiva é que se insere, por exemplo, o acesso crescente dos trabalhadores às decisões econômicas
em geral, particularmente nas grandes empresas públicas e privadas, à sua gestão, à autogestão e ao cooperativismo.
Este deverá desenvolver-se em todas as suas formas, nos campos da produção, consumo e distribuição, especialmente nos ramos que mais afetam as necessidades populares e os problemas fundamentais dos pequenos e médios produtores.

Continua na próxima Edição:

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