quinta-feira, 12 de abril de 2012

Discurso de Brizola no Exílio - Encontro de Lisboa

12/04/2012 - Quinta-feira, 17:55

..... a mulher que, numa alta percentagem na sociedade brasileira está submetida a duas jornadas de trabalho: a doméstica e a extra doméstica”. (Aplausos).


Continuação:





Considero também que o trabalhismo precisa encarar o problema das populações negras no Brasil. É um tema que temos debatido e sei que no Brasil têm-se ampliado muitos círculos de debate sobre essa questão. Os todos foram trabalhados a respeito, nossa mente foi trabalhada sempre visando minimizar o problema. Que coincidência é essa, que as áreas de maior pobreza da população são áreas de população negra? Por que? Algo há. O trabalhismo precisa ter definições a esse respeito. Há, no Brasil, uma discriminação. A população negra é uma imensidão, uma porcentagem imensa. E se falamos de população com contribuição de sangue negro, nós somos a maioria esmagadora do povo brasileiro. Este é um dos maiores quadros de injustiça da vida brasileira. É anterior a nós. O caso das populações discriminadas, negra essencialmente, é algo que o trabalhismo não pode deixar de encarar como uma das grandes questões. Nós aqui temos definições a esse respeito e o partido precisa debater esse problema, junto com nossos irmãos de cor negra por toda parte. Que coincidência é esta que os maiores contingentes das populações marginais são negras? Que coincidência é esta que os cárceres estão povoados de uma maioria de brasileiros negros? Que coincidência é esta que todo mudo até aceita pacificamente que se cometam os maiores desrespeitos em matéria de direitos individuais, da família e coletivos, dentro de um ambiente quase de naturalidade. Esta é uma das grandes causas do PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO. E não vai ter nenhum conteúdo de luta de minorias, de raças, de uma corrente contra outra. Não. Vai ser dentro da nossa visão fraterna da sociedade brasileira. Mas nós queremos atuar esse campo com uma energia que está ligada aos grandes  compromissos que o nosso partido tem.
Uma outra ordem de definições de grande importância é a questão da auto-organização da sociedade. Quando nos referimos à auto-organização pensamos, por exemplo, no sindicalismo que é uma auto-organização da classe trabalhadora. Eu ontem estive conversando com nossos amigos e companheiros sindicalistas, dirigentes sindicais que nos honram com sua presença, como observadores, sem nenhum compromisso conosco, como são nossos companheiros metalúrgicos, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e da Federação dos Metalúrgicos. E que vieram simbolizar também uma coisa muito linda, muito bonita neste Encontro de Trabalhistas que estão lá no país lutando e dos trabalhistas que estão aqui fora, lutando também, e amargando esse exílio: os metalúrgicos que estão lá, também lutando com seus companheiros em plena atividade dentro do país, encontram-se com os companheiros no exílio, com o dirigente Derly Carvalho de São Paulo, um dos heróis da resistência, que perdeu seus irmãos na luta contra a tirania e o
veterano presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, que é o nosso companheiro Benedito Cerqueira, deputado do PTB, cassado em 64 e no desterro há mais de 15 anos.

Continua na próxima Edição:

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