...Acho que o nosso partido deve ser um grande instrumento de mobilização de nosso povo.
Continua:
Fiz referência à base social, como imaginamos, do nosso Partido, e a esses dois grandes compromissos, a essas duas grandes prioridades, a essas máximas prioridades do trabalhismo, intimamente ligadas às suas próprias raízes. E assim todo este conjunto de temas está proposto aos companheiros das comissões para seus estudos e suas reflexões.
Outro tema: qual é nosso modelo de sociedade?
Isto é uma pergunta constante, de todas as pessoas. Qual é o modelo de sociedade que o trabalhismo propõe? Eu quero dar aqui a minha concepção aos companheiros. Naturalmente que uma sociedade igualitária está em nossos objetivos. É o limite para o qual tende a nossa causa. Mas o nosso modelo de sociedade é aquele que contém aquelas condições mínimas que permitam ao trabalhismo atuar e executar o seu programa. Muitos costumam dizer que para nós uma sociedade socialista igualitária está no horizonte... eu não gosto desta expressão. Na Polônia, por exemplo, quando o partido, o único de lá dizia: “o comunismo está em nosso horizonte”, os camponeses comentavam: “Ah! Que bom que está no horizonte,
pois nunca chegará”. Não! O nosso socialismo não pode estar no horizonte. O socialismo democrático para nós é um objetivo concreto. Vamos construí-lo a cada dia, em cada parte, ombro a ombro com nosso povo. Já em 1947, Vargas apontava ao povo brasileiro uma democracia socialista como rumo a seguir. Democracia, liberdade e socialização são valores que para nós se confundem em nossos objetivos.
O modelo de socialismo tem que propugnar assim: como uma sociedade democrática, porque é inerente do trabalhismo a democracia, uma sociedade pluralista, no sentido em que nós não excluímos ninguém. Pretendemos propugnar por estruturas substitutivas num ambiente democrático. Uma sociedade participacionista no sentido de uma crescente e cada vez mais dinâmica participação popular. Uma sociedade com as estruturas em transformação de tal modo que cada dia possa se tornar mais livre, mais igualitária, mais fraterna. Assim é que eu definiria o modelo de sociedade do trabalhismo.
A seguir, nesse projeto de estrutura, enfocamos o problema da mulher. Entendo que o trabalhismo agora tem que assumir uma posição clara a respeito. Tanto sob o ponto de vista de seus direitos civis e tudo o mais, quanto também nós, da organização do partido temos que encarar muito diretamente esse problema. Seria interessante que os companheiros lá no Brasil começassem a discutir se deve a mulher se organizar num compartimento estanque dentro do partido, a organização feminina do partido, ou se deve integrar os organismos do partido, iguais aos homens, integrando os organismos de direção. Gostaria de ler brevemente as nossas concepções sobre este tema, resumidas aqui: “O trabalhismo encara com ênfase especial a questão dos direitos civis da mulher e da equivalência de oportunidades a que têm direito, de educação, de formação profissional e de trabalho. Na sociedade brasileira subsistem hábitos arraigados, dificultando a eliminação de injustiças quanto à participação feminina no conjunto do trabalho.
Freqüentemente a mulher, no seu emprego, recebe um salário inferior por igual trabalho, pelo fato discriminatório de sua condição feminina. No lar, as tarefas da mulher constituem um pressuposto básico do trabalho remunerado dos outros membros da família. Até agora não tem sido reconhecido, por seu trabalho não remunerado, o conteúdo econômico das
tarefas da mulher no lar, como mãe e dona-de-casa, embora tenha uma incidência de grande importância no nível global da produção econômica do país. O trabalhismo assume uma posição firme e decidida quanto à discriminação da mulher em todas as suas manifestações. Lutará pela definição de seus direitos sociais, no emprego ou no lar, pela igualdade de remuneração, de oportunidades de educação e de formação profissional, acentuando a necessidade de que o país disponha, cada vez mais amplamente, de um serviço de infra-estrutura – creches, jardins de infância, estabelecimentos educacionais em regime de semi-internato, restaurantes,
processamento industrial de bens e serviços de tal modo que venham a aliviar a mulher que, numa alta percentagem na sociedade brasileira está submetida a duas jornadas de trabalho: a doméstica e a extra doméstica”. (Aplausos).
Leia na próxima edição: Continuação
(amanhã, quinta-feira, 12)
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