10/05/2012 - Quinta-feira
Faleceu hoje, nas primeiras horas do dia, de infarto, Célio Eulálio, com aproximadamente 60 anos. Morava na Av. Theophille Dubreil -
Rua dos Pedros. Ele fazia parte de um grupo de motociclistas, mas traz no nome as lembranças do ciclismo na cidade.
Rua dos Pedros. Ele fazia parte de um grupo de motociclistas, mas traz no nome as lembranças do ciclismo na cidade.
Seu pai, Nélio Eulálio, era campeoníssimo nas corridas de bicicleta realizadas todos os anos na festa de aniversário de Visconde do Rio Branco, predominantemente na década de 50 do Século passado. Essa corrida era o ponto alto das comemorações e havia distribuição de valiosos prêmios aos vencedores. O primeiro colocado, durante muito tempo sempre o Nélio, ganhava uma bicicleta nova. E havia troféus e dinheiro para segundo e terceiro colocados.
Imagem: manudamasceno.com.br
A bom humor da competição ficava por conta de um prêmio do fortificante Biotônico Fontoura para o laterna.
Com o tempo, a instituição da Semana da Exposição Agropecuária e Industrial foi dominando a preferência do público e tomou uma feição cada vez mais direcionada ao mercantilismo de gados e cavalos de raça, que ostentavam riqueza e status de seus proprietários e criadores.
A Semana da Exposição começou nos anos 50, do Século passado, no prédio do Instituto Brasileiro do Café(IBC), na Av. São João Batista – Água Limpa. Mesmo assim, a corrida de bicicletas despertava maior interesse do público, principalmente dos operários. Na época, com três usinas de açúcar funcionando, o número de empregados era muito grande durante a safra. Mais da metade dos trabalhadores eram cortadores de cana ou funcionários nas instalações internas das empresas açucareiras. E ainda havia os pedreiros e serventes, além dos empregados no comércio. Pouca gente podia ter carro ou motocicleta. As bicicletas conduziam quase todos nas suas idas e vindas para o trabalho; e serviam para os passeios nos dias de folga, além das idas aos bailes distantes e ao cinema, quando ainda não havia a televisão. A calçada em frente ao Cinema Brasil e o beco na sua lateral ficavam lotados desse veículo simples, prático e de manutenção barata. Na maioria das vezes, os próprios ciclistas consertavam seu instrumento de locomoção.
Vista panorâmica a partir do Bairro Jardim Alice. Imagem: Edgard Amin
Tudo concorria para a popularidade da corrida. E nela sempre se destacavam os irmãos Eulálio, o pai Nélio, e o tio de César, que agora vira saudade para seus contemporâneos e companheiros de motociclismo, além, claro, de sua família.
Com César vai o simbolismo das bicicletas, que hoje desfrutam de pouco espaço nas ruas da cidade, porque o volume de veículos automotores domina nossas ruas e estradas. Pedalar requer cuidado diante do perigo neste trânsito intenso.
Com a lembrança de César fica a saudade de uma época em que a Praça 28 de Setembro, a Rua Nova e Água Limpa viviam, aos domingos, cheias de moças e rapazes pedalando em grupos, ou alguns isoladamente, em um passatempo saudável, em exercício bom para o físico e para a mente.
E era uma traquilidade possuir bicicletas. Não havia roubos. Elas eram deixadas sem cadeado à beira das calçadas, às vezes de um dia para o outro. Quando o proprietário procurava, estavam nos mesmos lugares, intactas para a serventia habitual.
César Eulálio estará sendo sepultado daqui a pouco, às 17 horas. Vai um companheiro dos motociclistas, um homem trabalhador, um bom filho, irmão e chefe de família. E junto vão os valores de uma época.
Condolências de toda a cidade à sua família!
(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)
Oi Franklin td bem? Meu pai lembrou que o pai do César era ciclista de corrida mesmo assim como vc descreve aqui. Diz meu pai que as pessoas ficavam reunidas na praça(Bar da rodoviária)aos sábados ou domingos esperando eles na corrida de bicicletas.Participava tb o Sr.Silvio Benatti que também gostava de futebol!! Bons tempos VRBranco! Sentimentos a família do Sr.Nélio Eulálio!
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