sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ensinos Espiritualistas – Sayonara(QUARAÍ-RS) – Mediunicamente

25/05/2012 - Sexta-feira


Recebidos por
William Stainton Moses
(A.        Oxon)

Seção XX

(Nesta época, obtive inúmeras comunicações promanadas de fontes diversas, havendo intenção manifesta de acumular provas e de me convencer. Uma delas provinha de uma pessoa bem conhecida e com a qual eu tinha estado em relação. Pedi a permissão de informar seus parentes sobre o fato. A resposta foi essa:)

É impossível e imprudente tentá-lo; não poderíamos manifestar-nos a eles, porque ignoram a verdade da comunicação espiritual e, se falásseis disso, tachariam a notícia de loucura ou conto pueril. Demais, aqueles que recentemente deixaram este mundo raras vezes se podem comunicar com os seus amigos pessoais; o desencarnado entrega-se a tais esforços para dar uma prova da sua existência, que a sua ansiedade e precipitação, coincidindo com as lágrimas e aflição dos seus amigos, eleva entre eles uma insuperável barreira. Tornar-se-ia necessária muita calma de ambas as partes e é preciso que o desencarnado paire acima dos sentimentos pessoais para atingir aqueles que o lastimam.

No caso presente o vosso amigo se acha afastado daqueles aos quais estava ligado pelo parentesco; eles não estão preparados para aceitar novas indicações religiosas, além de que uma inalterável lei proíbe impor conhecimentos a quem os recusa. Os arcanos da Ciência não podem ser explicados a uma criança; qualquer tentativa a esse respeito, além de infrutífera, retardaria o progresso daqueles a quem quiséssemos instruir prematuramente. Se o mundo se tornasse um campo de experiências para quaisquer espíritos desejosos de ensaiar o seu poder, não haveria mais lei nem ordem.

(Na mesma época, a minha inquietação relativamente à questão da identidade dos Espíritos foi acrescida pelo fato de haver um Espírito escrito o seu nome “diretamente”, isto é, sem intervenção humana, mas tê-lo escrito mal. Declarei energicamente não poder admitir a identidade de um Espírito que nem ao menos tinha o poder de ortografar corretamente o nome, aliás muito conhecido, com o qual ele se inculcava. Imperator replicou:)

Não discutamos a fundo a questão de identidade, mas o incidente que vos abala pode ser prontamente esclarecido. A identidade do Espírito foi garantida por mim; o erro provém do Espírito manifestado que escrevia. As inteligências que podem produzir essa manifestação particular a que chamais escrita direta são raras, em geral, vários Espíritos se ocupam disso. A inadvertência que assinalais foi corrigida no decurso da sessão em uma comunicação feita por meio da mesa. Isso vos passou despercebido? Os erros e as contradições aparentes, examinados escrupulosamente, explicam-se muitas vezes de modo simplíssimo.

(O estado inquietador do meu espírito perturbava as nossas reuniões. Os fenômenos desenvolviam-se com grande irregularidade, às vezes com violência e sempre caprichosamente. Dizem que os sons de um mau instrumento deviam ser discordantes. Em uma sessão me acalmava algumas vezes, porém noutras cheguei a um estado de tensão nervosa muito penosa. Em 30 de setembro de 1873 escreveu-se:)

Não podemos acalmar-vos quando cada nervo vibra e o sistema cansado está sobrecarregado até o extremo limite de tração. Estamos quase desarmados e só podemos preservar-vos do risco que correis de serdes presa dos Espíritos atrasados sempre atraídos pelo vosso estado. Solicitamos-vos não comunicardes com os Espíritos, ficando de sobreaviso, quando estiverdes nessa disposição física e moral. O vosso rápido desenvolvimento vos torna cada vez mais acessível às influências espirituais de todas as categorias. Ao começar a sessão, facilitais a entrada dos Espíritos atrasados, que espreitam a ocasião de abordar-vos.

Não há inconveniente sério a temer, mas sim perturbações desagradáveis. Todos os médiuns muito desenvolvidos devem ser circunspectos; é sempre perigoso, para eles, fazer parte de grupos submissos a influências que lhes são desconhecidas. Forcejai por vir ao círculo com o vosso espírito paciente e passivo e assim obtereis mais facilmente o que desejais.

(Repliquei que estava disposto a seguir esse conselho, não podendo porém ficar impedido de raciocinar. Não achava verossímil que celebridades do nosso mundo aqui voltassem propositadamente para me dar pequenas comunicações, que lançavam a confusão em meu espírito. Pedi uma franca e abundante prova da volta de um amigo que nos tinha deixado havia pouco tempo e que em vida se interessara pelo nosso grupo. Essa circunstância parecera-me favorável para decidir a questão de identidade. Além disso, pedi com insistência explicações concludentes sobre a origem, a extensão e o êxito do movimento relativamente à identidade dos Espíritos. Eu objetava que era necessário responder categoricamente às críticas insolentes que se nos opunham sem cessar; até àquele momento não tinha eu obtido uma só prova sobre o que quer que fosse fora da observação de certos fenômenos e da verificação de estar presente uma inteligência exterior. Não podendo agir com tão poucos dados, entendia que as minhas dúvidas deviam ser dissipadas. Responderam, em 1º de outubro de 1873, o seguinte:)

Possa a bênção do Sapientíssimo repousar sobre vós.

Sabei que não queremos nem podemos responder, mais amplamente do que já o fizemos, aos vossos repetidos pedidos. A dúvida não é um pecado para ninguém e a incapacidade intelectual de admitir certas afirmações não merece censura alguma, mas censuramos no homem a disposição para a suspeita e a controvérsia, que se torna em obstáculo permanente ao progresso.

Comprazeis-vos em comparar o estado do mundo no tempo do Cristo ao estado atual. Dar-vos-emos a resposta que Jesus dirigiu àqueles que lhe pediam um sinal: “Pai, seja feita a tua vontade e não a minha.”

Sabeis que Jesus só concedeu um sinal escolhido por Ele próprio. Apenas nos compete lembrar que não era aos fariseus, aos saduceus ou aos sábios presunçosos, que lhe procuravam armar ciladas, que o Cristo prodigalizava as suas palavras de consolação ou os seus milagres de piedade, mas sim aos humildes e meigos, aos pobres de espírito, às almas fiéis; auditório bem-disposto e muito preocupado em colher as verdades benditas, para entregar-se a pesquisas sutis. Jesus procedeu sempre assim durante o curso da sua carreira terrestre. O homem altivo, soberbo, dogmático, que revela a Deus Onipotente as suas necessidades e murmura quando não são satisfeitas, não recebe a bênção divina, que só cai sobre a alma que, humilde e confiante, implora e exclama das profundezas do seu ser: “Pai, faça-se a tua vontade e não a minha.”

Lei idêntica vos é aplicada. Somos forçados contra o nosso gosto a censurar-vos e lastimamos o vosso tom positivo e a linha de argumentos dogmáticos que estais resolvido a seguir. Repassai em pensamento a última fase da vossa vida, fase durante a qual ambos nos associamos. Ignorais ainda os cuidados anteriores de que fostes objeto, o cuidado vigilante que deve desenvolver o gérmen do vosso progresso. Pela proteção atenta de guias devotados, fostes preservado do mal, levado ao meio dos obstáculos, e a vossa alma estimulada foi arrancada do erro e da ignorância, a fim de ser dirigida para o conhecimento da verdade. Esse trabalho invisível é-vos desconhecido; o nosso é menos secreto, pois nos ocupamos de vós há alguns meses, pelas nossas palavras e pelos nossos atos; recebestes comunicações cujos testemunhos escritos tendes em mãos. Uma só das nossas palavras foi falsa? Um só ato pareceu-vos alguma vez baixo, malfazejo ou egoísta? As palavras que vos dirigimos eram dissolventes ou estúpidas?
Tentamos influenciar-vos por artifícios terrestres e motivos sórdidos? Experimentamos fazer-vos retrogradar? A nossa influência sobre vós é exercida para o mal ou para o bem? Para Deus ou para os seus inimigos? Estais melhor ou pior? Reconheceis-vos mais, ou menos ignorantes? Julgais-vos mais, ou menos útil? Sentis-vos mais, ou menos feliz? Desafiamos a quem quer que seja a dizer qualquer coisa que possa refletir uma só censura contra os nossos atos ou contra os nossos ensinos. A quem nos ouvir repetiremos que tais ensinos são o reflexo de Deus e que a nossa missão vem dEle. Justificamos as nossas pretensões por sinais. Não poupamos as manifestações de valor para agradar-vos; corremos risco mesmo de causar-vos mal, no desejo de satisfazer a amigos, prestando-nos a notáveis manifestações. De posse de uma sabedoria muito mais previdente que a vossa, acedemos de boa-vontade aos pedidos que formulastes, quando julgávamos oportuno fazê-lo. Se recusávamos, era pela impossibilidade ou porque em vossa ignorância desejáveis coisas prejudiciais. O que recusamos à vossa instância indiscreta foi apenas um ponto no amontoado das provas facultadas, constituindo demonstrações evidentes da existência de um poder exterior à Terra; entretanto, ainda desconfiais de nós, tropeçais por achar, sob nomes que exaltastes, Espíritos que, a vosso ver, humilham-se de ocupar-se de um trabalho divino sob a direção dos mensageiros da Divindade. Acusais-nos de sermos ou de podermos ser impostores executando atos de liberalidade! Sabeis que não podeis achar a razão pela qual nos enganaríamos, sabeis que só de Deus podemos derivar e que, encarregados de uma missão de misericórdia, não podemos ser empregados em outros fins senão nos que devem garantir o bem eterno do homem!

Nisso consiste a vossa falta e não queremos ter relações convosco nessas condições. Escolhemos-vos desde o princípio das nossas instruções; refleti sem precipitação; decidi lealmente. Retirar-nos-emos ou ficaremos segundo a vossa escolha. Não procureis outra prova, pois não vos será dada. Avisamos-vos para não vos filiardes a outros círculos; seria muito arriscar e agravar as dificuldades. Não proibimos absolutamente a reunião do nosso próprio círculo, se realizardes sessões, seja com o desejo de estabelecer relações harmônicas e de receber explicações sobre os pontos que foram contestados. Sugerimos-vos, há muito tempo, que o repouso e a reflexão vos eram indispensáveis; ordenamos agora vos submeterdes a isso. Se o vosso grupo quiser reunir-se, filiar-nos-emos a ele provisoriamente, sob certas condições que indicaremos; mas não animamos essas reuniões. Não estareis só, mas sim duplamente defendido. Velamos por vós por meio de preces e deixamos-vos a nossa bênção. Possa o Supremo dirigir-vos, pois não podeis dirigir-vos por vós mesmos.
† Imperator

Leia na próxima Edição: Seção XXI






Nenhum comentário:

Postar um comentário