31/05/2012 - Quinta-feira
Recebidos por
William Stainton Moses
(A. Oxon)
Seção XXIV
(Assinalei a
ignorância na qual permanecemos quanto ao que se passou durante o período divisório
do Antigo e o Novo Testamento e sobre o qual os Evangelhos nada dizem.)
Não tendes
informações sobre essa época porque, com raríssimas exceções, a influência do
espírito é nula. Não queremos insistir nesse passado, mas sabeis todavia que
ele foi uma idade obscura, de desolação e de pobreza espiritual. De tempos a
tempos a matéria parece dominar absolutamente o espírito; depois, o poder
espiritual renova-se, o homem desperta sob um sol brilhante que o cobre com os
seus raios abençoados e ele se regozija com o aspecto da vida e da beleza.
(Perguntei
se essas fases de obscuridade precediam e seguiam invariavelmente uma época de
revelação.)
Não é sempre
um período de obscuridade, mas às vezes um intervalo de calma depois de
profundas agitações. Para vos dar uma comparação, diremos: O corpo tem
necessidade de repouso para assimilar; o mundo tem necessidade de assimilar a
verdade que recebeu, e a operação continua até que ele peça uma outra. O desejo
violento precede a revelação.
Então a
revelação é subjetiva?
A ardente
aspiração interior corresponde à revelação exterior. Desde o começo das nossas
relações convosco, temos explicado que o homem é o veículo da direção
espiritual. O que ele acredita, sem razão, ser a evolução do seu próprio
espírito é, em realidade, o produto do ensinamento espiritual que age por ele,
através dele. Os vossos maiores pensadores religiosos se aproximaram da verdade
quando especularam nesse sentido. Não é prático, durante a vossa vida
terrestre, estudar a correlação exata que existe entre a ação mental do homem e
a revelação de Deus. Vós vos desviais facilmente, fazendo vãs tentativas para
separar o inseparável e definir o indefinível. A preparação espiritual precede
o vosso conhecimento e permite ao espírito progressista desenvolver nele idéias
mais elevadas. Essas idéias não deixam de ser a própria voz do mensageiro da
Verdade, e assim a revelação é correlativa às necessidades do homem. É curioso,
para nós, ver o homem procurar, sem cessar, definir a parte que pode ter em
nosso trabalho. Quê! Se nos servirmos dos meios mais prontos e postos ao nosso
alcance, em vez de nos mantermos na obra estéril de agir sem agente humano,
será trabalho esse menos nobre e menos útil do que o de produzir alguma curiosa
ação fenomênica sem o médium humano? Bastante temos feito já para demonstrar
independência de ação. Aprendei a receber as impressões que podemos insinuar na
alma e que são tanto mais vivazes quanto maior número de materiais encontramos.
Não tendes que temer serem essas condições desfavoráveis ao nosso ensino.
Muito pouco.
Mas, além de mim, muitos grandes pensadores negaram a possibilidade de qualquer
revelação divina, alegando que o homem não pode aceitar o que não compreende e
que nenhuma revelação externa, não desenvolvida por ele próprio, poderá
estabelecer-se em seu espírito.
Já se
respondeu a isso; e quando vos persuadis de que o vosso próprio espírito está
ativo, errais, pois não podeis praticar um ato independente. Fostes sempre
guiado e influenciado por nós.
(Alguns dias
depois, interpelei-o sobre conclusões que eu tinha tirado, lendo os Evangelhos.
Parecia-me ver esses livros sob um novo prisma, graças às novas idéias
recebidas.)
As minhas
conclusões são verdadeiras e novas?
São corretas
no conjunto, mas não novas. Muitos espíritos livres alcançaram-nas há muito
tempo.
Então por
que não posso ler as suas obras? Seria evitar incômodo?
É mais
meritório alcançardes por vosso esforço; então podeis comparar as vossas
conclusões com as dos outros.
Trabalhais
sempre assim? É tempo perdido. Por que foi permitido que eu viva assim tanto
tempo no erro?
Já vos
dissemos que não estáveis preparado para receber a verdade. A vossa vida
passada, que não foi tão longa como o imaginais, foi um escrupuloso aprendizado
para conduzir-vos ao progresso. A vida do vosso ser é progressiva em tudo; as
suas primeiras gradações são apenas o prefácio do desenvolvimento atual; a
teologia era necessária à vossa educação. Não queremos nem podemos impedir-vos
de vos enganar. Uma das nossas principais dificuldades foi arrancar do vosso
espírito os falsos dogmas; esperamos agora que o que descobrirdes a respeito da
revelação nos permita eliminar os últimos erros. Enquanto replicardes aos
nossos argumentos por um texto, não podemos ensinar-vos, pois responder assim é
provar que não se está apto para receber um ensinamento racional.
Podeis hoje
entregar-vos a um exame leal das narrações da vida e das doutrinas de Jesus,
quando outrora só conseguistes chegar a uma conclusão preconcebida. Estudai a
encarnação, a expiação, os milagres, a crucificação, a ressurreição, conforme
as palavras de Jesus e segundo os que falaram dEle; examinai os ensinos do
Cristo comparados ao nosso, quanto ao dever do homem para com seu Deus e seu
próximo; segui o mesmo método com as idéias de Jesus e dos seus discípulos
sobre a prece, a resignação, a abnegação, o perdão obtido por arrependimento ou
conversão, o céu e o inferno, a recompensa e o castigo; assenhoreai-vos da
validez dos documentos e da confiança que se lhes pode conceder, depois fazei a
vossa escolha nos ensinos de Jesus como o faríeis no de um Sócrates, de um
Platão ou de um Aristóteles. Reduzi a hipérbole oriental, referi-os ao fato,
resolvei andar só, livre de todo obstáculo, sem hesitação; resolvei confiar-vos
em Deus e procurar a verdade, deliberai pensar com calma e gravidade acerca da
revelação.
Àquele que
caminha são reservadas descobertas inesperadas, uma paz que nenhuma crença tradicional
pode oferecer. Os ministros da Verdade reunir-se-ão ao redor dele, os velhos
preconceitos cairão e a alma libertada ficará em presença da Verdade – tende
plena confiança. O Cristo disse: “A verdade vos fará livres e estareis livres
em verdade.”
(Digo que
não deviam poupar sacrifício para atingir um tal objetivo, no caso de ser isso
possível. Eu tinha confiança e murmurava antes de ser obrigado a titubear.)
Não vos
abandonamos, mas não podemos evitar-vos o labor pessoal. Quando tiverdes
trabalhado, guiar-vos-emos para o Conhecimento. Crede-vos. Isso tem mais valor
para vós. Não podeis conhecer a verdade de outro modo. Se vo-la disséssemos,
não acreditaríeis em nós ou não a compreenderíeis.
Além da
questão da revelação cristã, há muitas palavras divinas a considerar, muitas
outras influências espirituais. Mas ainda não é tempo.
Parai e
possa o Único esclarecer-vos.
† Imperator
Leia na
próxima Edição: Seção XXV
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