22/05/2012 - Terça-feira
(crônica de Sylvio Passos sobre o casarão do Eden Clube)
Dizem os poetas que as coisas também têm alma. Uma alma diferente que talvez não seja propriamente nas coisas, mas nas emoções que despertam em nós.
... As velhas cidades, as velhas igrejas, as velhas casas parecem ter essa alma de que falam os poetas.
As velhas casas também têm a sua alma.
E o velho casarão do Éden-Clube, que está sendo demolido também pode dizer:
-“Aqui outrora retumbaram hinos!...”
Retumbaram sim. E antes e que as picaretas do Abelardo ponham abaixo estas minhas vetustas paredes, quero mais uma vez rio-branquenses, contar-lhes a minha história. Já servi muito a Rio Branco e para melhor servir a nossa terra, preciso desaparecer para dar lugar à nova sede do Éden-Clube, de linhas modernas e aerodinâmicas, traçadas por um jovem arquiteto rio-branquense, João Batista Correia, filho de saudoso Oton e da profa. Olga Barreto.
Fui um casarão feliz. Participei intensamente da vida e da história de Rio Branco. Fui casa residencial e berço de muita gente importante. Fui hotel e era daqui que se irradiavam as novidades do processo, trazidas pelos viajantes.
Fui ginásio e dentro destas salas a mocidade da nossa terá aprendeu muita coisa com o Dr. Eugênio de Melo, o Padre Correia, o professor Antônio Regis, o Dr. Júlio e muitos outros mestres.
Depois, fiquei sendo sede do Éden-Clube. Quantos luminares da cultura acenderam aqui os fogos da sua eloqüência em memoráveis festas!
Carlos Peixoto Filho, Raul Soares, Eugênio de Melo, Navantino Santos, Francisco Campos e Antônio Carlos entre muitas outras ilustres personalidades estiveram nestas salas e aqui proferiram primorosas orações!
Fui também palácio real de muitas rainhas e princesas!
Nestes salões engalanados, rodopiaram as mais formosas damas da Cidade!
Influi decisiva e desassombradamente nos destinos políticos de nossa terra.
Aqui nestes salões e nestes corredores se decidiu muitas vezes o destino de Rio Branco.
Minha sacada foi tribuna de memoráveis comícios. É também a minha sala de café e cada um desses quartos e até a minha cozinha têm as suas histórias...
Por tudo isto, eu, o velho casarão do Éden Clube, tenho orgulho do meu passado tão cheio de glórias!
Há momentos em que tenho a ilusão de ainda sentir aqui a presença do meu velho administrador Quinca de Melo...
Outra vezes, recordo as memoráveis sessões do Grêmio “Getúlio Vargas”, o “Cartaz da Semana” do Dr. Gastão de Almeida, as piadas e cantigas de Marcelo & Peruzinho, as impagáveis imitações do Fortunato Lima e tantas outras coisas que deixaram com a minha demolição. Já cumpri o meu destino e, como a Fênix dos egípcios – que punha fogo no próprio ninho e ressurgia de suas cinzas – eu também vou renascer dos meus próprios escombros para maior glória de nossa terra!
Minha sacada foi tribuna de memoráveis comícios. É também a minha sala de café e cada um desses quartos e até a minha cozinha têm as suas histórias...
Por tudo isto, eu, o velho casarão do Éden Clube, tenho orgulho do meu passado tão cheio de glórias!
Há momentos em que tenho a ilusão de ainda sentir aqui a presença do meu velho administrador Quinca de Melo...
Outra vezes, recordo as memoráveis sessões do Grêmio “Getúlio Vargas”, o “Cartaz da Semana” do Dr. Gastão de Almeida, as piadas e cantigas de Marcelo & Peruzinho, as impagáveis imitações do Fortunato Lima e tantas outras coisas que deixaram com a minha demolição. Já cumpri o meu destino e, como a Fênix dos egípcios – que punha fogo no próprio ninho e ressurgia de suas cinzas – eu também vou renascer dos meus próprios escombros para maior glória de nossa terra!
(Matéria cedida por gentileza do Sr. Newton Dias Passos, residente em Brasília, e filho do autor desta crônica)
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