sexta-feira, 25 de maio de 2012

A violência nas escolas

25/05/2012 - Sexta-feira


Até agora, sabíamos de notícas de violência nas escolas somente pelo que víamos na televisão. Chagam-nos os casos de massacre, com algum aluno desequilibrado, que se apodera de uma arma e baleia vários de seus colegas, por questões de ressentimentos guardados, de forte conteúdo emocional para o autor.  Mas sem importância relevante para quem, ocasionalmente, possa tê-lo ofendido. 

As casusas podem ser brincadeiras consideradas sem importância para quem tenha praticado, ou mesmo para quem tenha presenciado.

No entanto, ninguém sabe o que se passa no íntimo daquele estudante que pode ter seus problemas extra-escola e que, naquelas brincadeiras servem como gota d’água para explodir uma raiva contida, reprimida e conservada.

A escola é o ponto de encontro de crianças e adolescentes de diferentes níveis sociais. Alguns de convivênvia familiar estável e regular dentro dos padrões convencionais; outros criados em ambiente onde nem sempre há a presença do pai, ou da mãe. Às vezes, sob jugo de padrasto, ou madrasta. Outras vezes, simplesmente órfãos.

Em cada caso, há reflexos diferentes, pela influência que começa no que deve ser o seio da família e se estende ao meio em que o jovem vive.

Nesse estado delicado da formação do índivíduo, as difrentes influências determinam  o seu grau de comportamento.

Nas redes sociais da Internet, há grupos de discussão política e outras formas de comunicação de vários segmentos da sociedade rio-branquense.

Por esse meio, houve  divulgação de que a polícia foi chamada a intervir em briga de estudantes no nosso Colégio Rio Branco. É um mal sinal, porque entre os jovens há uma tendência em imitar os males que a televisão divulga.

De uma separação de conflito, com intervenção policial, ficam os ressentimentos que provocam a formação de grupos para prováveis confrontos que podem se repetir no próprio Colégio ou fora dele.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – tira dos pais e professores a autoridade para correção de filhos e alunos.  Qualquer atitude dos educadores que desagrade ao aluno, pode resultar em agressão física ou verbal.  Se uma expressão for considerada constrangedora, expõe o professor à possibilidade de processo.

Já o adolescente, menor de idade, se pratica qualquer ato de violência contra colegas ou contra os mestres, está protegido de responder por seus atos.

O uso do cachimbo põe a boca tora. Quem erra e fica impune enquanto menor, acostuma-se mal. O hábito torna-se natureza. Ao tornar-se maior de idade continua errando, como se a impunidade fosse por toda a vida. Por esta razão, as estatísticas de morte violenta mostram maior incidência entre os 16 e 24 anos de idade.

O caso do Colégio Rio Branco gerou o desabafo de Anderson  Córdova, como segue:    
                

“Caros amigos. é por um motivo bem triste a que venho falar com vocês. Havia tomado a decisão de não me pronunciar sobre esse caso, até mesmo para proteger minha família, mas agora que as proporções cresceram a tal ponto, não posso me dar ao luxo de permanece à parte frente a agressão que minha sobrinha sofreu no Colégio Rio Branco e que foi, cruelmente filmada e postada na internet. À parte a covarde exposição a que ela foi sujeita e à violência que sofreu, quero discutir algumas questões com vocês. Em tempo: minha sobrinha foi agredida por defender a professora de uma classe indisciplinada e o fato só aconteceu pela incompetência da escola em manter a segurança e a integridade de seus alunos.

Então vamos colocar o dedo em algumas feridas. Todos os educadores de Visc. Rio Branco conhecem, eu mesmo já falei isso em algumas palestras e aulas na cidade e região, da injusta enturmação que o Colégio Rio Branco promove. A bem verdade, essa não é uma prática exclusiva do Colégio, faz parte do pensamento pedagógico da idade média segundo o qual o aluno que não aprende deve ser reprovado e os de melhores resultados devem ser separados daqueles de pior resultados. É fato que existe uma clara divisão entre os alunos do turno da manhã, que vencem as olimpíadas de matemática e obtém os melhores resultados das avaliações e alavancam o IDEB de Rio Branco e os alunos da tarde e da noite, períodos que agrupam os repetentes, os que não avançam satisfatoriamente em seu processo de escolarização, ou aquele que, simplesmente, precisam trabalhar. A questão de fundo que permanece é a de que, em sua maior parte, os alunos que atendem a essas enturmações curiosamente assumem perfis socioeconômico diferentes. Os da tarde e da noite são de famílias carentes, da periferia e muitas vezes de lares desestruturados, em suma, são pobres, com poucas chances de romperem o ciclo geracional de pobreza que assolam seus pais, avós e bisavós. Esses são, portanto, o perfil da população que mais carece de apoio das políticas sociais do município, mas que são, surpreendentemente, a porção que se encontra mais afastada delas. A escola pública, em tese, deveria ser a instituição com maior força de impacto para a vida dessas pessoas. No entanto, a enturmação feita pelo Colégio, e que é praticada há décadas, ainda que seja feita com base no desempenho escolar, acaba incorrendo em uma divisão muito mais social, econômica e racial do que, efetivamente pedagógica. É injusta e cruel porque transforma o mesmo colégio em duas escolas: uma em que os alunos têm maiores chances de aprendizado e de futuro (manhã) e uma que reflete um grande depósito dos alunos que “não tem jeito” nas palavras dos próprios professores. É claro que essa situação construiria, a longo prazo, um barril de pólvora. Também é triste, vergonhoso por não dizer, diagnosticar a conivência da sociedade rio-branquense que há tempos denomina o período da tarde do colégio como inferno, um caldeirão ou uma punição para o filho: “se você não passar de ano vai estudar a tarde no Colégio”. Assim, aprendemos a naturalizar o fracasso, a culpabilizar a vítima pelo crime, a dizer que lugar de pobre, preto e fudido (se me permitem o meu francês) é continuar assim, cada um no seu quadrado, bem longe uns dos outros. Assim a violência permanece velada, calada, mas vez por outra explode num furacão sem freios, como aconteceu com minha sobrinha. Para os especialistas da área da educação é consenso que a inclusão dos alunos, de diferentes desempenhos, classes sociais, raça, religião ou outras situações, é a chave para o sucesso escolar e que os alunos com dificuldades de aprendizagem tem maiores probabilidades de aprendizado quando convivem com alunos mais avançados. A enturmação que o Colégio promove, portanto, vai na contramão de todas as pesquisas mundiais. Minha sobrinha estudava a tarde porque é repetente, não aprendeu o que era para ter aprendido no tempo previsto para tanto. Deveria ser assistida com qualidade, ser submetida a novas e criativas formas de aprendizagem, a projetos e ações pedagógicas com vistas a recuperar o tempo perdido e obter sucesso. Na prática o que se viu é o mesmo que acontece há mais de trezentos anos: a escola a puniu. Um longo e penoso ano de punição pelo seu fracasso, pela sua derrota, como se a própria escola e seus professores não fossem também partícipes e responsáveis da trajetória de cada aluno que esteja sob seu julgo. Ou seja, o processo de recuperação dos alunos do colégio, que deveria ser positivo, com foco na aquisição de competências e habilidades que não foram adquiridas no tempo certo, na verdade é um grande castigo que acompanha o adolescente como um estigma, talvez por toda a vida. Sinal de que o Projeto Político e Pedagógico do Colégio, ou não existe, ou nunca foi colocado em prática ou não presta. Ou todas as alternativas simultaneamente.

Felizmente minha sobrinha é forte, feliz, inteligente e tem quem a ama, uma família que a acolhe, apóia e estimula. Sabemos que esse episódio será superado e que a justiça será feita. Espero que, a partir de agora, a sociedade rio-branquense, em especial os educadores, discutam as questões mais preocupantes que nos aflijam, antes que situações piores ocorram. Sinceramente espero que nosso Colégio, cuja história é motivo de orgulho para todos nós, e que agrega profissionais do mais alto gabarito, seja não somente uma escola de sucesso, mas uma escola com justa social, que faça a diferença na vida dos rio-branquenses. Afinal o Colégio é público, mas não é de graça, todos pagamos por ele. Infelizmente, nesse caso o preço foi bem caro.”


Eu pensei e disse:>  “Esse depoimento merece ser considerado e discutido dentro das esferas convencionais(No Colégio e entre as famílias dos envolvidos)

E decidi:>”Se o Anderson permitir, vou publicar no jornal Consciência da Mata online”

Guilherme Tk Manifestou: “Merece mesmo, Sr. Frankin”

 Anderson Córdova autorizou:>  “Por favor, Franklin Ferreira Netto, faça isso por mim, é hora da sociedade refletir sobre essa questão, antes que aconteça novamente”


Fica aberta a questão.  Colocamo-nos à disposição  das partes que se julgarem prejudicadas.


(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)

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