quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ensinos Espiritualistas – Sayonara(QUARAÍ-RS) – Mediunicamente

16/05/2012 - Quarta-feira



Recebidos por
William Stainton Moses
(A.   Oxon)
Seção XIII
(Relendo esta série de comunicações, eu admirava-me da sua beleza não só quanto à forma como quanto ao fundo, pois tinham sido escritas com a máxima rapidez, sem pensamento consciente da minha parte. Eram incólumes de defeito ou erro gramatical, sem acréscimos nem correções. Quanto à natureza do assunto, eu estava sempre ansioso. Apesar da minha simpatia para com certas opiniões expostas, eu acreditava que, em seu conjunto, elas transtornavam a fé da cristandade. Nenhum homem, dizia eu comigo, pode aceitar semelhante ensinamento, sem ser levado a rejeitar os dogmas aos quais o mundo cristão se submete de fide. Os dogmas fundamentais me pareciam ser especialmente atacados. Um conhecimento muito extenso dos trabalhos dos teólogos gregos e romanos, anglicanos, protestantes e sobretudo da escola moderna alemã, me tinha preparado para observar as divergências de opinião, concernentes aos menores pontos. Eu sabia que essas divergências eram inevitáveis e conhecia também o pouco valor da opinião individual, em presença dos mistérios abstratos da revelação. Estava mesmo pronto a ouvir surpreendentes afirmações sobre esses assuntos, mas aqui os pontos atacados me pareciam ser a essência da religião cristã. Espiritualizar ou explicar esses pontos era, a meu ver, absolutamente fatal à minha fé em qualquer revelação que fosse. Depois de longas e pacientes meditações, eu não podia chegar a concluir de outro modo. Recuei ao pensamento de aceitar afirmações tão categóricas sobre o ipse dixit de uma inteligência que não oferecia aceso às minhas investigações. Eu sentia que me era preciso mais tempo para refletir e que em todo o caso não estava preparado para adotar um credo iconoclasta, por mais belo que fosse, sem outras referências além das que se me apresentavam. Formulei essas objeções e a resposta foi esta:)
Falais com sabedoria. Refleti profundamente sobre o que é, na verdade, de vital importância. Estamos convencidos de que com o tempo assimilareis estes ensinos cuja importância haveis de apreciar. Dar-vos-emos, quando o desejardes, esclarecimentos sobre alguns pontos, mas não vos concederemos outras comunicações até que o tempo traga o que pedis. Desenvolvei inalterável paciência e orai com ardor.
Na fria atmosfera de vossa Terra, glacial e refratária à vida espiritual, não sabeis quanto é mantida pela prece freqüente a relação magnética entre o vosso espírito e os guias, que esperam a petição para transmiti-la. Oraríeis mais ainda se soubésseis que rica bênção espiritual a prece traz. O laço se aperta por um freqüente uso, a intimidade pela associação mútua. Os vossos sábios eruditos discutiram muito sobre o valor da prece. A ignorância deles os fez tatear em um labirinto de opiniões confusas. Nada souberam; como poderiam sabê-lo? Anjos mensageiros sempre prontos a ajudar o espírito que grita pelo seu Deus, eles experimentaram medir os efeitos da prece, comparar os resultados, mas essas coisas escapam à ciência humana, por serem espirituais e variarem conforme os casos.
Muitas vezes a petição inarticulada, que não parece ter sido ouvida, traz à alma que ora abundantes bênçãos. O apelo íntimo do ser oprimido, que se atira no espaço, e o grito arrancado por uma dor amarga produzem um alívio desconhecido até então. A alma é aliviada; não sabeis por quê. Seria preciso ver, como nós, os guias trabalhando para derramarem na alma aflita o bálsamo de consolação, e saberíeis então donde vem essa estranha paz, que faz penetrar no espírito a certeza de que existe um Deus misericordioso. A prece executou a sua obra, atraiu um amigo invisível, e o coração intumescido, macerado, é reconfortado por uma angélica simpatia.
A simpatia magnética, da qual podemos rodear aqueles que estão em íntima comunhão conosco, é um dos efeitos benditos da ardente invocação que uma alma humana dirige ao seu Deus.
A plenitude das relações espirituais não pode ser realizada em outras condições. Só o ente espiritualizado pode penetrar as misteriosas mansões dos anjos. É da alma que vive em freqüente comunhão conosco, que melhor podemos aproximar-nos; é isso uma outra face da imutável lei que governa as nossas relações com o vosso mundo. Para a alma espiritualizada, os dons espirituais. O homem, em sua ignorância, espera às vezes uma outra resposta ao seu pedido, mas o deferimento seria muitas vezes cruel; o pedido formulado em sua prece é abandonado, mas a prece pôs a sua alma em comunicação com uma inteligência pronta a aproveitar-se dessa ocasião oportuna para aproximar-se dele a fim de fortificá-lo e consolá-lo.
Os homens deveriam tomar a resolução de orar com mais freqüência, de ter uma vida de prece. Não essa vida de devoção mórbida, que consiste em abandonar o dever e em consumir as horas preciosas de tirocínio, para atrofiar-se indolentemente a fim de se submergir em investigações prejudiciais, para se perder em imaginária contemplação ou em súplicas impostas. A vida de prece é inteiramente outra. A prece real é o grito espontâneo do coração à procura dos amigos invisíveis. A invenção de uma prece cochichada aos ouvidos de um Deus sempre presente, e disposto a responder a um pedido caprichoso, modificando leis inalteráveis, tem desacreditado a idéia de prece. Não penseis desse modo. A prece, impulso da alma para seu Deus, não se ostenta exteriormente, não tem nenhuma necessidade de preparação formal. Petição inarticulada, levam-na os agentes desvelados de altura em altura até a um poder que possa responder a ela.
A verdadeira prece é a voz sempre pronta da alma comunicando com a alma; o apelo aos invisíveis amigos com os quais ela tem costume de conversar; a centelha ao longo da linha magnética, que transmite uma súplica e, rápida como o pensamento, traz uma resposta. É unir uma alma sofredora a um Espírito que pode tranquilizar-se e curar.
Essa prece não requer nem palavras, nem atitude, nem forma; é mais verdadeira sem formalidades nem aparatos, e só tem necessidade de sentir-se próxima de um guia, de ser levada à comunhão. Para atingir essa meta, ela deve ser habitual; de outro modo, como o membro muito tempo privado do uso, ela ficaria paralisada. Assim, aqueles dentre vós que vivem mais em espírito penetram nos mistérios ocultos; podemo-nos aproximar deles. Fazemos vibrar as cordas secretas da sua natureza, as quais ressoam somente sob o nosso influxo, insensíveis às influências desse mundo. São eles que se elevam mais alto durante a vida terrestre, pois sabem já comungar em espírito e nutrir-se do pão espiritual; os mistérios, ocultos aos seres materiais, abrem-se diante deles, e a sua perpétua prece lhes permite pelo menos que, sem ser isentos de sofrimentos e de penas, vivam entretanto acima deles, pois sabem-nos necessários ao seu desenvolvimento.
Ah! Falamos do que é pouco conhecido. Se essa grande verdade fosse mais bem compreendida, o homem, por sua atitude espiritual, afastaria de si as perniciosas influências que muitas vezes assaltam os que, sem a isso ser autorizados, querem aprofundar mistérios muito acima da sua inteligência. As melhores almas nem sempre estão ao abrigo de penosos assaltos; mas se essa grande verdade não pode livrar do perigo, assegura a proteção para afrontá-lo, fortifica, purifica os motivos, santifica os atos e é a força auxiliar da comunhão espiritual.
Orai então, mas sem formalidade, sem desatenção, sem súplica vã. Comungai conosco na comunhão do espírito; observai os efeitos dessa comunhão sobre o vosso próprio ser; o resto virá oportunamente. Deixai as questões abstratas e inquietadoras de controvérsia teológica humana e aproximai-vos das verdades centrais que afetam tão intimamente o bem-estar do vosso espírito. As fúteis perplexidades, de que o homem rodeou a simplicidade da verdade, são múltiplas. Não vos compete separar nem decidir o que é ou não essencial. Sabereis mais tarde que o que considerais hoje como verdade essencial é apenas uma forma transitória de ensinamento, empregada quando necessária. A fraqueza humana impele-vos a precipitar-vos para a finalidade. Demais, deveis demorar-vos, amigo, demorar-vos muito antes de atingir a meta. Tendes muitas noções falsas a retificar antes de poder estudar todos os mistérios. Poderíamos dizer muito mais sobre esse assunto; mas é bastante, presentemente. Possa o Supremo guiar-nos, assim como a vós, e permitir-nos conduzir-vos de tal modo que enfim a verdade venha a brilhar em vossa alma obscura e a paz possa nela manifestar-se.
† Imperator
(Não repliquei, mas refletia e preparava-me para responder, quando fui imperiosamente impedido. A mão agitou-se com rapidez violenta e a comunicação seguinte foi escrita sem pausa, em um espaço incrivelmente curto. O esforço foi tal que me achei quase em estado de transe até terminar o ditado.)
Parai! parai! Não tenteis indagar, mas aprendei ainda. Estais impaciente e disposto a dizer coisas estultas. Que importa que o que vos dizemos contradiga aquilo em que outros acreditaram? Por que recuar sobre esse ponto? Dar-se-á que toda a fé firmemente abraçada não contradiga nenhuma outra fé? Dar-se-á que cada fé não contenha em si elementos de contradição? Se não sabeis mesmo isso, estais fora do estado de prosseguir para diante.
Essas velhas crenças, veneráveis pela sua antiguidade, confortaram homens, ainda que estes ficassem grosseiros ao desenvolver-se, mas eles as julgavam de acordo com as suas necessidades; sobrevinha para eles uma satisfação que hoje já não vos concedem. Por quê? Porque o vosso espírito ultrapassa essas antigas fórmulas, sem sentido para vós. Elas são impotentes para estimular-vos a alma e incapazes de vos aliviar. Por que então vos inquietais com isso? Por que demorar e tentar, em vão, encontrar significação daquilo que não podeis obter? Por que ser surdo à voz viva que do Alto vos chama a alma em tom vibrante? Por que recusar ouvir, quando tal voz vos fala da verdade, do espírito, de tudo quanto é nobre, real, oportuno? Por que, em virtude de quimérica veneração por um passado extinto, vos separar do que é vivo, da comunhão dos Espíritos, os quais vos podem anunciar grandes verdades sobre Deus e o vosso destino?
Que vos importa que a nossa revelação esteja em completo antagonismo com a antiga? Seus calorosos acentos vos falam ao espírito, bem sabeis disso, ouvis-nos avidamente e achais a sua influência abençoada. Seria insensato entregar-vos aos Espíritos malfazejos, felizes por fazer humilhar a alma, impedindo-vos de vos separardes de um corpo decomposto.
Os anais religiosos narram como no sepulcro de Jesus seus amigos aflitos receberam do anjo uma comunicação pela qual aspiravam: “Por que procurais o vivo entre os mortos? Ele não está ali, ressuscitou.” Assim, amigos, também vos dizemos: Por que vos retardais com insensata tristeza no sepulcro da verdade desaparecida? Ela não está lá, ressuscitou, deixou o corpo do ensinamento dogmático, e nós proclamamos uma verdade sublime, uma fé mais apurada, um credo mais nobre, um Deus mais divino.
A voz que inspirou os instrutores das gerações passadas ressoou até vós; uma outra se eleva agora. Deus procede sempre assim com os homens; chama-os a uma verdade superior à antiga, e eles aceitam ou rejeitam a comunicação da Luz. Renunciar à fé familiar, respeitada, comove a alma que se volta entretanto para um outro lado; parece-lhe uma espécie de morte, e o homem teme a morte. Sim, mas é a morte na vida, a volta à saúde e à esperança. Assim como o Espírito, emancipado do invólucro carnal, paira em liberdade, a alma libertada dos antigos óbices também livremente adeja.
“Só a libertação pela verdade, disse Jesus, pode tornar o homem livre.” Não o sabeis ainda, mas sabê-lo-eis mais tarde. Repetimos o nosso grito. Por que voltar a vossa face para o passado morto, quando o presente vivo e o futuro glorioso são ricos de promessas e bênçãos? As antigas palavras não têm sentido; deixai-as àqueles para os quais elas têm voz e guardam significação; segui com passo firme os que vos mostram alturas grandiosas. Deixai o passado destruído, viajai sem temor através de um novo presente, para atingir um futuro desconhecido.
Porém, amigo, não é assim. O passado vos envolve com os seus encantos, e não partilhais a idéia comum de que o novo deve aniquilar o antigo. Jesus o disse. Aconselhou Ele a abolição do ensinamento mosaico. Já vos dissemos, o nosso ensino não é mais surpreendente, comparado ao seu, do que o seu comparado ao de Moisés. Esse que vos apresentamos é antes o complemento que a contradição do antigo – é o desenvolvimento de um saber mais extenso.
Se meditardes profundamente sobre o estado do mundo na época em que Jesus veio nele proclamar a sua fé reformada, vereis que não é mais extraordinário ler o nosso Evangelho ao lado do que passa, entre os homens, por conter a religião, do que o era sobrepor o Evangelho de Jesus ao ritual do farisaísmo ou à céptica indiferença dos saduceus. O mundo tinha então, como hoje, necessidade de uma nova revelação, e aqueles que se mantinham na antiga não foram menos surpreendidos nem menos hostis, ouvindo-a proclamar, do que os vossos contemporâneos quando refratários ao que pensam ser novo.
Naqueles dias, como nestes, não ficava das revelações adaptadas às necessidades especiais de um povo especial mais que uma soma de ritual inerte. A voz de Deus não era mais ouvida desde longos anos, e o homem começava a procurar, como agora, um ar mais respirável, aguardava uma palavra nova. Esta lhe veio divinamente expressa por Jesus; veio, na opinião dos homens, pelo veículo mais inesperado e menos capaz de impor o respeito aos sábios fariseus ou aos desdenhosos saduceus; entretanto, ela prevaleceu e há mil e oitocentos anos anima a vida religiosa do Cristianismo.
Apesar das degradantes mutilações, a obra do Crucificado subsiste, bastando um sopro vivificante para reanimá-la; os velhos andrajos que o homem nela enrolou podem ser prontamente postos de lado, e a verdade aparecerá com muito mais brilho.
A fonte da nossa revelação não é mais singular do que o foi a do poder exercido por Jesus, carpinteiro desprezado de Nazaré, aos olhos dos seus concidadãos. Os homens o rodeavam com escárnio, como o fazem a tudo que é novo. Estavam prontos a admirar as suas maravilhas; seguiam-no em multidão para assistir aos milagres físicos que Ele produzia, mas não eram bastante espiritualizados para compreender os seus ensinamentos. Igualmente estão eles prontos a bradar contra nós e contra os nossos trabalhos. Como outrora, reclamam sem cessar outras e outras provas. “Desce da cruz e acreditaremos em ti.” Do mesmo modo hoje sucede, havendo mais provas entretanto do que é preciso para assegurar uma convicção firme. Chamaram-lhe impostor, vaiaram-no, expulsaram-no da sua sociedade; esforçaram-se por meio das leis e de diversas influências para eliminar a nova doutrina. Ela era de moldes novos, mas a verdade que continha era velha, e antiga como o Deus que a dava. A nossa parece nova, porém os homens a reconhecerão mais tarde como a mesma antiga verdade renovada e eterna. Ambas são o desenvolvimento progressivo da mesma corrente contínua de verdade, apropriada às necessidades e aos apelos daqueles aos quais foi concedida. Meditai sobre a disposição mental de Nicodemos, comparai-a com a de muitos dentre vós. Pergunta-se agora como então... “Se alguma pessoa instruída, bem colocada, respeitável”, “algum dos fariseus ou dos magistrados” admite a nova prédica.
Ficai certo de que o poder que conseguiu reanimar a fé morta dos judeus e revelar Deus, mais claramente, é ainda capaz de instilar a vida no corpo quase inanimado da fé cristã.
Possa o Sapientíssimo Guia proteger-vos e guiar-vos.
† Imperator

Leia na  próxima Edição: Seção XIV

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