11/05/2012 - Sexta-feira
Dia das Mães, Abolição e Direitos Humanos
Está aí o Segundo Domingo de Maio caindo no dia 13, consagrado à Abolição da Escravatura no Brasil.
É o Dia das Mães, com seu simbolismo de comemoração, festa, homenagem e apelo mercantilista dos presentes.
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Este contexto, obscurece a realidade das mães brasileiras que, em sua maioria, são obrigadas a madrugar para trabalhar fora, onde vão buscar os meios para ajudar a sustentar a família, porque os salários de seus maridos é insuficiente para manter as despesas da casa, com alimentação, aluguel ou prestação da moradia, material escolar, vestuário, algum brinquedo para os filhos e o leite de todo dia.
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Por passar o dia fora de casa, sente-se privada de ver o filho crescer longe de seus braços, às vezes em uma creche, ou no meio da rua quando atinge a idade limite para essa instituição de amparo infantil.
Essa mãe, com seu salário, junta ao do pai de seus filhos, e, somados, conseguem dinheiro para a metade das necessidades da família, quando cada um recebe a quarta parte do necessário.
Essas crianças crescem diante das carências materiais afetivas. Elas precisam da presença da mãe pelo menos até a adolescência, na troca de amor e carinho para o equilíbrio emocional, quando chega o tempo de começarem a procurar seus caminhos no mundo.
Essas mães tornam-se submetidas à dupla jornada de trabalho. Passam o que passam no emprego, nem sempre em condições satisfatoriamente humanas, e, em casa, cansadas, vêem-se diante dos trabalhos que a casa reserva com exclusividade para as mulheres. Pouco lhes resta de energia para um relacionamento tranqüilo e sadio diante do companheiro e dos filhos.
A situação de desgaste físico e emocional é contagiosa. Muitas vezes abala o convívio, provoca rompimentos. Resulta em separação, cujos resultados afetam mais a cabeça das crianças que crescem frustradas a ver os pais separados, quando desejavam vê-los juntos, como esteios de um teto que a separação faz desabar. Deixa de existir o lar.
Pais separados, nem sempre continuam destinando os ganhos para a família. Alguns constituem outras famílias. E as crianças vão crescendo desnorteadas, carentes em todos os sentidos. Quase sempre os filhos ficam em poder da mãe, que se torna o arrimo, com o pouco do que dispõe. Faltam-lhe tempo, recursos, forças e condições emocionais para manter o equilíbrio necessário a impor disciplina na hierarquia doméstica. A consequência é a incerteza do futuro daqueles para quem ela somente deseja o bem.
Se o chefe do grupo familiar recebesse por seu trabalho o suficiente para manter a família, a mãe poderia dar seu tempo de amor aos filhos e manter o seu papel de Rainha do Lar. O trabalhador que gera toda riqueza, não recebe a remuneração necessária para manter as despesas resultantes dos proclamados Direitos Humanos.
Mesmo assim, mal remunerados, quem trabalha tem que se submeter aos baixos salários. O desemprego constante provoca uma relação injusta na oferta e procura entre o capital e o trabalho. O trabalhador fica sem opção, em situação de semi-escravo. Se é ruim com o vil salário, pior sem ele.
Quando a Princesa Isabel promulgou a Abolição da Escravatura, os filhos de escravos e os maiores de 60 anos já eram livres, pelas leis do Ventre Livre e do Sexagenário. Foi um ato simbólico. A parcela cada vez menor dos escravos estaria livre dentro de algum tempo. E livrou, na verdade, os ainda donos de escravos das despesas com a manutenção das senzalas onde libertos se misturavam aos servos, naquela situação de promiscuidade.
Imagem: Jacynto Batalha
O capitalismo é cruel com quem trabalha. Criou outras formas de relação que nega os direitos básicos aos humanos. A estratégia é gerar sempre menos vagas para ocupação laboral. O contingente de desempregados forma o exército de reserva da mão de obra barata, à disposição dos que exploram a força do trabalho, para produzir suas riquezas que se acumulam na classe dos 10% mais ricos da população em contraste com os 90% restantes. Estes têm que se contentar e agradecer as migalhas das sobras que caem das mesas daqueles.
Os R$ 19.000, 00 da renda por habitante do Brasil daria para cada família de quatro pessoas receber mais de R$ 3.000,00 por mês e destinar a outra parte para o Estado se manter nos níveis municipal, estadual e federal.
As desigualdades resultantes de um neoliberalismo sem limites fazem as mães verem seus filhos crescer sem saber se serão trabalhadores mal remunerados, sem a educação básica, analfabetos funcionais ou absolutos, ou moradores de rua.
Na completa negação dos Direitos Humanos, de que adianta ser a 6ª Economia do Mundo?
(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)
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