Imagem: recandodaliteratura.blogspot.com
(Sebastiao Nolasco, tao-dogatinho@hotmail.com – Visconde do Rio
Branco-MG)
* Aplausos a essa brasileira
inteligente, lúcida e corajosa!
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu
pronunciamento risonho e maternal na véspera
do Dia das Mães. Como cidadã da
classe média, mãe, avó e bisavó,
pagadora de impostos escorchantes
descontados na fonte no meu
contracheque de professora aposentada
da rede pública mineira e em
cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora
Rural, fiquei preocupada com o
anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma?
Em ano de eleição municipalista?
Faça-me o favor, senhora
presidentA! É preciso que o Brasil crie
um
mecanismo bastante severo de controle
dos impulsos eleitoreiros dos
seus executivos (presidente da
república, governador e prefeito) para
que as matracas de fazer voto sejam
banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as
famílias miseráveis que têm filhos
entre 0 a 06 anos foi um gesto
bastante generoso que vai estimular o
convívio familiar destas pessoas,
porque elas irão, com certeza,
reunir sob o mesmo teto o maior
número de dependentes para "engordar"
sua renda. Por outro lado mulheres e
homens miseráveis irão correndo
para a cama produzir filhos de cinco
em cinco anos. Este é, sem
dúvida, um plano qüinqüenal engenhoso
de estímulo à vagabundagem,
claramente expresso nas diversas
bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil dar bom dia com chapéu
alheio. É muito fácil fazer
gracinha, jogar para a platéia. É
fácil e é um sintoma evidente de que
se trabalha (que se governa, no seu
caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma.
Falo por mim. Não votei na senhora.
Sou bastante madura, bastante politizada, marxista, sobrevivente
da
ditadura militar e radicalmente
nacionalista. Eu jamais votei nem
votarei num petista, simplesmente
porque a cartilha doutrinária do PT
é raivosa e burra. E o governo é
paternalista, provedor, pragmático no
mau sentido, e delirante. Vocês são
adeptos do "quanto pior, melhor".
São discricionários, praticantes do
"bullying" mais indecente da
História do Brasil.
Em 1988 a Assembléia Nacional
Constituinte, numa queda-de-braço
espetacular, legou ao Brasil uma
Carta Magna bastante democrática e
moderna. No seu Art. 5º está escrito
que todos são iguais perante a
lei*.
Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição,
enfiando goela abaixo das camadas
sociais pagadoras de imposto seu
modus governandi a partir do qual
todos são iguais perante a lei,
menos os que são diferentes: os
beneficiários das cotas e das
bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr.
Luís Inácio e dona Dilma, negro
é negro, pobre é pobre e miserável é
miserável. E a Constituição que
vá para a pqp. Vocês selecionaram
estes brasileiros e brasileiras,
colocaram-nos no tronco, como eu faço
com o meu gado, e os marcaram
com ferro quente, para não deixar
dúvida de que são mal-nascidos. Não
fizeram propriamente uma exclusão,
mas fizeram, com certeza,
publicamente, uma apartação étnica e
social. E o PROUNI se transformou
num balcão de empréstimo pró escolas
superiores particulares de
qualidade bem duvidosa, convalidadas
pelo Ministério de Educação.
Faculdades capengas, que estavam na
UTI financeira e deveriam ter sido
fechadas a bem da moralidade, da
ética e da saúde intelectual,
empresarial, cultural e política do
País. A Câmara Federal endoidou?
O Senado endoidou? O STJ endoidou? O
ex-presidente e a atual
presidentA endoidaram? Na década de
60 e 70 a gente lutou por uma
escola de qualidade, laica, gratuita
e democrática. A senhora disse
que estava lá, nesta trincheira, se
esqueceu disto, dona Dilma? Oi,
por favor, alguém pare o trem que eu
quero descer!
Uma escola pública decente, realista,
sintonizada com um País
empreendedor, com uma grade
curricular objetiva, com professores bem
remunerados, bem preparados,
orgulhosos da carreira, felizes, é disto
que o Brasil precisa. Para
ontem. De ensino técnico,
profissionalizante. Para ontem. Nossa
grade curricular é tão
superficial e supérflua, que o aluno
chega ao final do ensino médio
incapaz de conjugar um verbo, incapaz
de localizar a oração principal
de um período composto por
coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe
regra de três. Não sabe calcular
juros. Não sabe o nome dos Estados
nem de suas capitais. Em casa não
sabe consertar o ferro de passar
roupa. Não é capaz de fritar um ovo.
O estudante e a estudantA
brasileiros só servem para prestar
vestibular, para mais nada. E tomar
bomba, o que é mais triste. Nossos
meninos e jovens lêem (quando
lêem), mas não compreendem o que
leram. Estamos na rabeira do mundo,
dona Dilma. Acorde! Digo isto com
conhecimento de causa porque domino
o assunto. Fui a vida toda professora
regente da escola pública
mineira, por opção política e
ideológica, apesar da humilhação a que
Minas submete seus professores. A
educação de Minas é uma vergonha, a
senhora é mineira (é?), sabe disto
tanto quanto eu. Meu contracheque
confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis
seria muito mais aplaudido se
anunciasse apenas duas decisões: um
programa nacional de planejamento
familiar a partir do seu exemplo,
como mãe de uma única filha, e uma
escola de um turno só, de doze horas.
Não sabe como fazer isto? Eu
ajudo. Releia Josué de Castro, A
GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio
Teixeira. Releia tudo de Darcy
Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e
fluminense de seu meio-conterrâneo e
companheiro de PDT, Leonel
Brizola. Convide o senador Cristovam
Buarque para um café-amigo, mesmo
que a Casa Civil torça o nariz. Ele
tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É
disto que o Brasil precisa. De escola
em tempo integral, igual para as
crianças e adolescentes de todas as
camadas, miseráveis ou milionárias.
Escola com quatro refeições
diárias, escova de dente e banho. E
aulas objetivas, evidentemente.
Com biblioteca, auditório e natação.
Com um jardim bem cuidado,
sombreado, prazeroso. Com uma baita
horta, para aprendizado dos alunos
e abastecimento da cantina. Escola
adequada para os de zero a seis,
para estudantes de ensino fundamental
e para os de ensino médio, em
instalações para uns quinhentos alunos por
prédio. Escola no bairro, virando a
esquina de casa. De zero a
dezessete anos. Dê um pulinho na
Finlândia, dona Dilma. No "aerolula"
dá pra chegar num piscar de olhos. Vá
até lá ver como se gerencia a
educação pública com responsabilidade
e resultado. Enquanto os
finlandeses amam a escola, os
brasileiros a depredam. Lá eles
permanecem. Aqui a evasão é
exorbitante. Educação custa caro? Depende
do ponto de vista de quem analisa. Só
que educação não é despesa. É
investimento. E tem que ser feita por
qualquer gestor minimamente
sério e minimamente inteligente. Povo
educado ganha mais, consome
mais, come mais corretamente, adoece
menos e recolhe mais imposto para
as burras dos governos. Vale à pena investir mais em
educação do que
em caridade, pelo menos assim penso
eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser
bem clara: planejamento familiar
não tem nada a ver com controle de
natalidade. Aliás, é a única medida
capaz de evitar a legalização do
controle de natalidade, que é uma
medida indesejável, apesar de alguns
países precisarem recorrer a ela.
Uberlândia, inspirada na lei de
Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro
de 1992, a lei do planejamento
familiar. Nossa cidade foi a segunda do
Brasil a tomar esta iniciativa,
antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à
época, fui a autora da mesma e
declaro isto sem nenhuma vaidade,
apenas para a senhora saber com quem
está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo
votado na senhora, torço pelo
sucesso do seu governo como mulher e
como cidadã. Mas a maior torcida
é para que não lhe falte
discernimento, saúde nem coragem para
empunhar o chicote e bater forte, se
for preciso. A primeira chibatada
é o seu veto a este Código Florestal,
que ainda está muito ruim,
precisado de muito amadurecimento e
aprendizado. O planeta terra é
muito mais importante do que o lucro
do agronegócio e a histeria da
reforma agrária fajuta que vocês
estão promovendo. Sou fazendeira e
ao mesmo tempo educadora ambiental.
Exatamente por isto não perco a
sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais,
afinal, pensar não
dói e eles estão em Brasília, bem
instalados e bem remunerados, para
isto mesmo. E acautele-se durante o
processo eleitoral que se
aproxima. Pega mal quando um político
usa a máquina para beneficiar
seu partido e sua base aliada. Outros
usaram? E daí? A senhora não é
"os outros". A senhora á a
senhora, eleita pelo povo brasileiro para
ser a presidentA do Brasil, e não a
presidentA de um partidinho de
aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não
dava, vendia. Sei disto, é claro.
Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir
desculpas às outras mães
excluídas do seu presente: as mães da
classe média baixa, da classe
média média, da classe média alta, e
da classe dominante, sabe por
quê? Porque somos nós, com marido ou
sem marido, que, junto com os
homens produtivos, geradores de
empregos, pagadores de impostos,
sustentamos a carruagem milionária e
a corte perdulária do seu governo
tendencioso, refém do PT e da base
aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio,
conhece ao vivo os beneficiários
da Bolsa-família? Os muitos que eu
conheço se recusam a aceitar
qualquer trabalho de carteira
assinada, por medo de perder o
benefício. Estou firmemente
convencida de que este novo programa,
BRASIL CARINHOSO, além de não
solucionar o problema de ninguém, ainda
tem o condão de produzir uma casta
inoperante, parasita social, sem
qualificação profissional, que não
levará nosso País a lugar nenhum.
E, o que é mais grave, com o excesso
de propaganda institucional feita
incessantemente pelo governo petista
na última década, o Brasil está
na mira dos desempregados do mundo
inteiro, a maioria qualificada, que
entrarão por todas as portas e
ocuparão todos os empregos disponíveis,
se contentando até mesmo com a
informalidade. E aí os brasileiros e
brasileiras vão ficar chupando prego,
entregues ao deus-dará, na
ociosidade que os levará à
delinqüência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo.
Aos setenta e quatro anos, o que
eu mais queria era poder envelhecer
despreocupada, apesar da
pancadaria de 1964. Isto não está
sendo possível. Apesar de ter lutado
a vida toda para criar meus cinco
filhos, de ter educado milhares de
alunos na rede pública, o País que eu
vou legar aos meus descendentes
ainda está na estaca zero, com uma
legislação que deu a todos a
obrigação de votar e o direito de
votar e ser votado, mas gostou da
sacanagem de manter a maioria
silenciosa no ostracismo social,
desprecisada e desinteressada de enfrentar o desafio de
lutar por um
lugar ao sol, de ganhar o pão com o
suor do seu rosto. Sem dignidade,
mas com um título de eleitor na mão,
pronto para depositar um voto na
urna, a favor do político
paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar
o peixe, ao invés de ensinar a
pescar, esta foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião,
mas vai mandar a fatura para eu
pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me
consultar. Num país com taxa de
crescimento industrial abaixo de
zero, eu, agropecuarista,
burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz
alta e o
dever de me colocar publicamente
contra este cafuné na cabeça dos
miseráveis. Vocês não chegaram ao
poder agora. Já faz nove anos, pense
bem! Torraram uma grana preta com o
FOME ZERO, o bolsa-escola, o
bolsa-família, o vale-gás, as ONGs
fajutas e outras esmolas que tais.
Esta sangria nos cofres públicos não
salvou ninguém? Não refrescou
niente? Gostaria que a senhora me mandasse o
mapeamento do Brasil
miserável e uma cópia dos estudos
feitos para avaliar o quantitativo
de miseráveis apurado pelo Palácio do
Planalto antes do anúncio do
BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma
continha de multiplicar e outra de
dividir, só para saber qual a parte
que me toca nesta chamada de
capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência.
Não ofende.
Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a
palavra certa é PRESIDENTE. Não sou
impertinente nem desrespeitosa, sou
apenas professora de latim,
francês e português. Por favor,
corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência
pelo correio, talvez ela pare na
Casa Civil ou nas mãos de algum
assessor censor e a senhora nunca
saberá que desagradou alguém em algum
lugar. Então vai pela internet.
Com pessoas públicas a gente fala
publicamente para que alguém,
ciente, discorde ou concorde. O
contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL
CARINHOSO. Até o nome me incomoda.
R$2,00 (dois reais) por dia para cada
familiar de quem tem em casa uma
criança de zero a seis anos, é uma
esmolinha bem insignificante, bem
insultuosa, não é não, dona Dilma?
Carinho de presidentA da república
do Brasil neste momento, no meu
conceito, é uma campanha institucional
a favor da vasectomia e da laqueadura
em quem já produziu dois filhos.
É mais creche institucional e laica.
Mais escola pública e laica em
tempo integral com quatro refeições
diárias. É professor dentro da
sala de aula, do laboratório,
competente e bem remunerado. É ensino
profissionalizante e gente capacitada
para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os
descalabros do poder público, fazer da
corrupção escandalosa o meu assunto
para esta catilinária. Mas não.
Prefiro me ocupar de algo mais grave,
muitíssimo mais grave, que é um
desvio de conduta de líderes
políticos desonestos, chamado populismo,
utilizado para destruir a dignidade
da massa ignara. Aliciar as
classes sociais menos favorecidas é
indecente e profundamente
desonesto. Eles são ingênuos, pobres
de espírito, analfabetos,
excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão
produtivo, pagador de impostos. Esta
é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente
imagens de desespero social.
Neste momento em todos os países,
pobres, emergentes ou ricos, a
população luta, grita, protesta,
mata, morre, reivindicando
oportunidade de trabalho. Enquanto
isto, aqui no País das Maravilhas,
a presidente risonha e ricamente
produzida anuncia um programa de
estímulo à vagabundagem. Estamos na
contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora
conseguiu agredir a inteligência da
minoria de brasileiros e brasileiras
que mourejam dia após dia para
sustentar a máquina extraviada do
governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma
conseqüência da esmola. Corta a
esmola que a pobreza acaba, como dois
mais dois são quatro.Não me leve
a mal por este protesto público.
Tenho obrigação de protestar, sabe
por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a
conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em
16-05-2012
<http://mce_host/compose?to=marthapannunzio@hotmail.com>
marthapannunzio@hotmail.com<http://mce_host/compose?to=marthapannunzio@hotmail.com>
CPF nº 394172806-78
Nenhum comentário:
Postar um comentário