A cidade tem todo motivo para festejar
o dia de seu padroeiro no domingo, 24, dedicado a São João Batista. A véspera cai
no sábado, amanhã, com todos os ingredientes do folclore que giram em torno da
fogueira. As barraquinhas funcionam
durante toda a semana. Os festeiros
promovem tômbolas, leilões e vendem os produtos destinados a arrecadar fundos
para a Paróquia que, desde os tempos do Império e do Presídio, tem o nome João
Batista ligado à sua história.
Afinal,
quem era João Batista?
Talvez por essa tradição temos lugares, instituções e muitas pessoas com o seu nome : o nosso hospital; a Avenida da Água Limpa, que liga a Ponte à Av. Theophille Dubreil e passa em frente ao Hospital; a Igreja Matriz e a Paróquia a conservar seu nome. Uma das usinas de açúcar, a da família Bouchardet, também tinha a denominção de São João.
Hospital São João Batista. Imagem: Isah Baptista
Av. São João Batista. Imagem: Isah Baptista
Início da Av. São João Batista. Imagem: Isah Baptista
Igreja Mariz de São João Batista. Imagem: Isah Baptista
Vista a partir do Bairro Jardim Alice. Destaque: chaminé e instalações da Usina São João. Imgem: Edgard Amin
Seu nome está impregnado no inconsciente coletivo, o que deve ser a causa de ter conquistado muitos devotos.
O seu grau de parentesto com o Cristo, além do fato de tê-lo batizado, cria forte mística no seio de uma população doutrinada sob as bases do cristianismo.
Quando se observa sob a ótica específica do catolicismo, há contradição de princípios, se confrontarmos a informação de que João Batista era filho de um sacerdote, quando a Igreja Católica tem como dogma o celibato. Tudo pode ser questão de tempo e de lugar. Contexto.
Em outro registro, a wikipedida assinala:
“....entre 1721 e 1730 por uma nova estrutura, com as obras a cargo do comerciante brasileiro de escravos José de Torres. Sob a invocação de São João Baptista, a construção do forte de Ouidah (Ajudá) foi financiada por capitais levantados pelos comerciantes da capitania da Bahia, mediante a cobrança de um imposto sobre os escravos africanos desembarcados na cidade do Salvador.”
O forte de São
João Batista de Ajudá ficava na África. O trecho acima mostra a relação das
autoridades do Império com aquele ponto do tráfico humano. A invocação comum a São João Batista parecia
uma forma doutrinária, como uma ideologia, para uma atividade de
lesa-humanidade.
Uma dúvida nos intriga: seria o Presídio destinado a conter os contrabantistas do ouro, ou um local de confinamento de escravos trazidos da África, ou dos nativos rebeldes à escravidão?
Índios Botocudos. Imagem: filhodebarbeiro.blogspot.com
Havia os
Botocudos, fora da sede da Paróquia, pela Região do Rio Doce até o Espírito Santo, considerados hostis e
antropófagos. Guido Marlière teria
conseguido um pacto pacífico com essa tribo.
E conseguiu sua ajuda para transportar de canoa o material para a
construção da primeira Siderúrgica do Brasil: Monlevade, trazido do Espírito
Santo. Mas tudo faz parte de um
contexto.
Nossos historiadores contam que Guido veio para esta região como “pacificador dos índios”. Os zeladores do seu Monumento, em Guidoval, contam que havia relação de amizade e de veneração entre os nativos e Guido.
A história omite, no entanto, a causa do desaparecimento daquelas etnias. Fica por conta da sua mistura com outras raças, o que teria gerado mestiços. Há registros também de abuso dos comerciantes da poaia, que embriagavam os índios com cachaça e que, muitas vezes, os violentavam. Mas o negros também tiveram seus cruzamentos com brancos e com índios. No entanto, suas características se mantêm com nítida presença dentro da população local e nacional.
As festas, no entanto, estão aí, envolvendo as atuais gerações, que são indiferentes aos fatores históricos para seus folguedos. Elas(festas) vêm de geração em geração, com seus trajes fantasiosos e ultrajes ignorados. As roupas coloridas formam as quadrilhas ingênuas em volta da fogueira, ao som dos sanfoneiros, que viraram tecladistas. Os batuques dos tambores deram lugar aos baixos eletrônicos. O casamento do Jeca acontece com seus acompanhantes em camisas e calças xadrez. Mas o chapeu de palha vai perdendo campo para os chaplões de ‘cowboys’. As botinas são trocadas por botas que cobrem as canelas. A brasilidade vai perdendo identidade. Até as marchinhas juninas vão ficando no esquecimento. Não se sabe mais quem foi Lamartine Babo, Assis Valente.... de repente, até o velho Gonzagão, que tanto animou as festas do Sr. Antônio Soares, no Engenho Piedade, será olvidado.
Se roqueiros estão fazendo carnaval, está sujeito alguma banda de jazz animar “nosso” setanejão.
Canta, canta minha gente! Daqui a pouco é Noite de São João!
“Olha pro ceu meu amor, vê como ele está lindo/ Olha pra aquele balão multicor, como no ceu vai sumindo....”....
Ah! Me esqueci! Os balões estão proibidos. Podem queimar a plantação.... Vamos ter que comprar balões importados, com tecnologia que os faça desvanecer no ar, sem cair com as estopas embebidas de querosene sobre as plantas.....
E as bombas, os rojões, os foguetes podem estourar na própria mão, ou na cabeça de um desavisado qualquer.....
(Franklin – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário