segunda-feira, 11 de junho de 2012

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Iela lança Coleção Pátria Grande – a Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americano


11/06/2012 - Segunda-feira



...formulações de Marini na interpretação do desenvolvimento capitalista no Brasil, pois é clara sua força a partir de 1994, expressando um fenômeno que merecerá de todo analista rigoroso, especial atenção.

Continuação....

Contudo, é na análise de classe em situações concretas que Marini exibiu enorme maestria e razão pela qual sua contribuição se tornou perigosa para a burguesia e o academicismo dominante das universidades. Seu “dialéctica do desenvolvimento capitalista no Brasil” é um potente ensaio de interpretação das contradições e antagonismos que movem o processo de acumulação de capital e no qual demonstra as tendências estruturais e os dilemas da dominação política em nosso país. Trata-se, como o leitor mais atento poderá observar, de
uma contribuição que tem sustentação teórico-metodológica em Dialéctica da dependência, contudo, sem o elevado nível de abstração que este possui, pois no ensaio que compõem o livro que agora publicamos, o conflito de classes que levou ao golpe militar de 1964
encontrou não somente original interpretação, mas um genuíno guia de como realizar uma rigorosa análise da conjuntura a partir do marxismo.

Neste contexto, Subdesenvolvimento e Revolução é uma obra que expressa as dramáticas opções da esquerda revolucionária latino-americana das décadas de sessenta e setenta. Antes que uma condenação preconceituosa sobre a luta armada ou o simples elogio ao heroísmo dos combatentes, a análise de Marini – segundo o próprio autor uma análise desde “dentro” – permite observar aquele período a partir de situações e movimentos que não foram de todo superados, ainda que não sejam objetos de debate ou impliquem em opções imediatas para as forças de esquerda em reconstrução em toda a América Latina. Trata-se de um método de análise que resistiu ao tempo embora não tenha encontrado muitos discípulos em nosso país, onde grande parte do esforço analítico está simplesmente destinado à justificar a política econômica em recurso ou ainda, de maneira mais trágica, a adesão do que restou da esquerda brasileira como mera representante dos interesses burgueses, numa competição sem fim sobre quem é mais competente para conduzir o
subdesenvolvimento e administrar a dependência.

Continua na próxima Edição

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