Agora o
trabalhador que vive de salário mínimo precisa multiplicar por quase quatro
vezes(3,88) a sua remuneração para atingir o necessário para viver: R$
2.416,38. Sem esse valor ele não tem
como sustentar a família de dois adultos e duas crianças com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, conforme determina a Constituição Federal, no Capítulo II, Dos Direitos
Sociais, artigo 7º, inciso IV.
Imagem: blogdamulher.com.br
Os R$ 622,00
correspondem a apenas 25,74% de seus direitos e de suas necessidades. Em maio era o necessário 3,82 vezes maior do
que o vigente, os mesmos R$ 622,00. O
governo liberada os preços de tudo e tabela somente o salário mínimo durante um
ano. A cesta básica está sempre subindo.
Em junho, apenas três das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE apresentaram
redução nos preços. As outras 14 tiveram
elevação. No decorrer de um ano a perda
é maior e atinge mais a população de baixa renda, principalmente os
idosos.
Imagem: revistaportuaria.com.br
O fator
previdenciário, que causa prejuízos acumulados aos aposentados com mais de um
salário mínimo, passa por propostas de extinção, mas com medidas paralelas
lesivas à classe trabalhadora a caminho da aposentadoria: pretendem aumentar o
tempo de trabalho para o completar o direito de se aposentar. Isto significa contribuição por mais
tempo.
A política
neoliberal em prática provoca sempre o desemprego para baixar o valor dos
salários no livre mercado da oferta e da procura. E esse livre mercado só beneficia aos donos
do capital. Com os baixos salários,
reduzem suas despesas e aumentam os lucros.
O trabalhador, mesmo recebendo a quarta parte do que necessita, é
obrigado a aceitar o que lhe oferecem, porque, para cada vaga, há muitos pretendentes. Na prática, corresponde a trabalho escravo,
por falta de opções para quem tem a oferecer a mão de obra, sem condições de
negociar.
Imagem: midiaindependente.org
Sofre quem
trabalha pelas suas próprias carências, como pela falta de oportunidade que
pudesse oferecer à família.
Não há
chance de proporcionar estudos de qualidade aos filhos, nem de melhorar seus
próprios conhecimentos com vistas a adquirir melhor habilitação para aprimorar
sua qualificação e exercer funções mais bem remuneradas.
Das três
partes que faltam para suas despesas, força a renúncia ao lazer, moradia em
áreas de risco, insuficiência nos estudos, vestuário de baixa qualidade,
higiene incompleta, falta de transporte, descuido com a saúde e até
insuficiência alimentar. O conjunto
dessas carências certamente levará à baixa produção no trabalho e ao risco de
perder o emprego.
Torna um
círculo vicioso que abala a estrutura familiar, os valores sociais, e fornecem fortes
ingredientes para a marginalidade. No
Crime Organizado, um adolescente, na sua condição de menor impune, recebe pela
entrega de encomenda de um pacote de cocaína, ou qualquer droga, mais do que o
pai recebe por seu trabalho mensal. As
motivações se invertem. Muitos se
entregam ao caminho sem volta, a princípio muito atraente pelo espírito da
aventura, do qual, se quiserem, mais tarde não poderão sair, por se tornarem “arquivos”
importantes dentro das organizações criminosas.
Não por acaso, o maior índice de morte violenta ocorre na faixa dos 16
aos 28 anos de idade.
Imagem: cearaemrede.com.br
As pequenas
e médias empresas, se quiserem pagar o salário constitucional a seus empregados,
vão à falência, porque toda a riqueza, a porcentagem maior do Produto Interno
Bruto, fica no alto da pirâmide social, com os 10% mais ricos. E ali o governo
não mexe. Ele tira da classe média baixa
os recursos para conceder as eleitoreiras bolsas-família, bolsa-escola, vale
gás, vale-transporte. Mantém dependentes
esses setores sociais, que nunca se libertam pela educação, nem pelo
aprendizado profissional. Programas que
deveriam ter caráter emergencial, tornam-se permanentes. E conservam pessoas desinteressadas na auto-estima,
na afirmação de cidadania, no desejo de comer o pão com o suor do próprio
rosto. E a sociedade mantém-se cada vez mais apática, menos instruída, mais
cheia de analfabetos funcionais que se contentam com diplomas oferecidos por faculdades
puramente mercantilistas, pouco interessadas em transmitir saber a seus
alunos/clientes.
O grito dos
indignados tem de abalar a letargia dos acomodados, mesmo que caiam e se
levantem por tropeçarem nos que rastejam por migalhas.
Imagem: audeiagaulesa.net
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(Franklin Netto -
franklinjornal@yahoo.com)
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