quinta-feira, 12 de julho de 2012

Salário mínimo vigente(R$ 622,00) perde corrida para o necessário(R$ 2.416,38)





Agora o trabalhador que vive de salário mínimo precisa multiplicar por quase quatro vezes(3,88) a sua remuneração para atingir o necessário para viver: R$ 2.416,38.   Sem esse valor ele não tem como sustentar a família de dois adultos e duas crianças com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme determina a Constituição Federal, no Capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV.
Imagem: blogdamulher.com.br

Os R$ 622,00 correspondem a apenas 25,74% de seus direitos e de suas necessidades.  Em maio era o necessário 3,82 vezes maior do que o vigente, os mesmos R$ 622,00.  O governo liberada os preços de tudo e tabela somente o salário mínimo durante um ano.  A cesta básica está sempre subindo. Em junho, apenas três das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE apresentaram redução nos preços.  As outras 14 tiveram elevação.  No decorrer de um ano a perda é maior e atinge mais a população de baixa renda, principalmente os idosos. 
Imagem: revistaportuaria.com.br

O fator previdenciário, que causa prejuízos acumulados aos aposentados com mais de um salário mínimo, passa por propostas de extinção, mas com medidas paralelas lesivas à classe trabalhadora a caminho da aposentadoria: pretendem aumentar o tempo de trabalho para o completar o direito de se aposentar.  Isto significa contribuição por mais tempo.
 
A política neoliberal em prática provoca sempre o desemprego para baixar o valor dos salários no livre mercado da oferta e da procura.  E esse livre mercado só beneficia aos donos do capital.  Com os baixos salários, reduzem suas despesas e aumentam os lucros.  O trabalhador, mesmo recebendo a quarta parte do que necessita, é obrigado a aceitar o que lhe oferecem, porque, para cada vaga, há muitos pretendentes.  Na prática, corresponde a trabalho escravo, por falta de opções para quem tem a oferecer a mão de obra, sem condições de negociar.
Imagem: midiaindependente.org

Sofre quem trabalha pelas suas próprias carências, como pela falta de oportunidade que pudesse oferecer à família.
Não há chance de proporcionar estudos de qualidade aos filhos, nem de melhorar seus próprios conhecimentos com vistas a adquirir melhor habilitação para aprimorar sua qualificação e exercer funções mais bem remuneradas.

Das três partes que faltam para suas despesas,  força a renúncia ao lazer, moradia em áreas de risco, insuficiência nos estudos, vestuário de baixa qualidade, higiene incompleta, falta de transporte, descuido com a saúde e até insuficiência alimentar.  O conjunto dessas carências certamente levará à baixa produção no trabalho e ao risco de perder o emprego.

Torna um círculo vicioso que abala a estrutura familiar, os valores sociais, e fornecem fortes ingredientes para a marginalidade.  No Crime Organizado, um adolescente, na sua condição de menor impune, recebe pela entrega de encomenda de um pacote de cocaína, ou qualquer droga, mais do que o pai recebe por seu trabalho mensal.  As motivações se invertem.  Muitos se entregam ao caminho sem volta, a princípio muito atraente pelo espírito da aventura, do qual, se quiserem, mais tarde não poderão sair, por se tornarem “arquivos” importantes dentro das organizações criminosas.  Não por acaso, o maior índice de morte violenta ocorre na faixa dos 16 aos 28 anos de idade.
Imagem: cearaemrede.com.br


As pequenas e médias empresas, se quiserem pagar o salário constitucional a seus empregados, vão à falência, porque toda a riqueza, a porcentagem maior do Produto Interno Bruto, fica no alto da pirâmide social, com os 10% mais ricos. E ali o governo não mexe.  Ele tira da classe média baixa os recursos para conceder as eleitoreiras bolsas-família, bolsa-escola, vale gás, vale-transporte.  Mantém dependentes esses setores sociais, que nunca se libertam pela educação, nem pelo aprendizado profissional.  Programas que deveriam ter caráter emergencial, tornam-se permanentes.  E conservam pessoas desinteressadas na auto-estima, na afirmação de cidadania, no desejo de comer o pão com o suor do próprio rosto. E a sociedade mantém-se cada vez mais apática, menos instruída, mais cheia de analfabetos funcionais que se contentam com diplomas oferecidos por faculdades puramente mercantilistas, pouco interessadas em transmitir saber a seus alunos/clientes.

O grito dos indignados tem de abalar a letargia dos acomodados, mesmo que caiam e se levantem por tropeçarem nos que rastejam por migalhas.
Imagem: audeiagaulesa.net


Salário mínimo nominal e necessário
 - DIEESE
http://www.dieese.org.br/img/volta_pagina.gif

junho de 2010 a junho de 2012
Período
Salário mínimo nominal
Salário mínimo necessário
2010
Junho
R$ 510,00
R$ 2.092,36
Julho
R$ 510,00
R$ 2.011,03
Agosto
R$ 510,00
R$ 2.023,89
Setembro
R$ 510,00
R$ 2.047,58
Outubro
R$ 510,00
R$ 2.132,09
Novembro
R$ 510,00
R$ 2.222,99
Dezembro
R$ 510,00
R$ 2.227,53
2011
Janeiro
R$ 540,00
R$ 2.194,76
Fevereiro
R$ 540,00
R$ 2.194,18
Março
R$ 545,00
R$ 2.247,94
Abril
R$ 545,00
R$ 2.255,84
Maio
R$ 545,00
R$ 2.293,31
Junho
R$ 545,00
R$ 2.297,51
Julho
R$ 545,00
R$ 2.212,66
Agosto
R$ 545,00
R$ 2.278,77
Setembro
R$ 545,00
R$ 2.285,83
Outubro
R$ 545,00
R$ 2.329,94
Novembro
R$ 545,00
R$ 2.349,26
Dezembro
R$ 545,00
R$ 2.329,35
2012
Janeiro
R$ 622,00
R$ 2.398,82
Fevereiro
R$ 622,00
R$ 2.323,21
Março
R$ 622,00
R$ 2.295,58
Abril
R$ 622,00
R$ 2.329,35
Maio
R$ 622,00
R$ 2.383,28
Junho
R$ 622,00
R$ 2.416,38
Salário mínimo nominal: salário mínimo vigente.
Salário mínimo necessário: Salário mínimo de acordo com o preceito constitucional "salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim" (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Foi considerado em cada Mês o maior valor da ração essencial das localidades pesquisadas. A família considerada é de dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ponderando-se o gasto familiar, chegamos ao salário mínimo necessário.

http://www.dieese.org.br/img/topo.gif


(Franklin Netto -  franklinjornal@yahoo.com)    




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