_Dr. Antônio Carlos Ignachitti Gomes(1956-2005)
Sem fins comerciais, para ser livre.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Visconde do Rio Branco - Minas Gerais - Brasil - 13/07/2012 - Sexta-feira
Imagens que falam por si mesmas
Edgard Amin e demais rio-branquenses amigos da arte
Praça 28 de Setembro e local onde será exibido EU É GERALDO
Festival de Cinema Rio-branquense Geraldo Santos Pereira – como tudo começou
O cineasta
Geraldo Santos Pereira dava uma palestra na Universidade Federal de Viçosa –UFV, nos
primeiros anos deste Milênio. Ao falar
de sua vida, disse que era natural de Visconde do Rio Branco. O agrônomo José Luiz Lopes Gomes, funcionário
daquela Instituição, ouviu com uma ponta de orgulho a informação, sem saber, no
momento o que deveria fazer.
José Luiz,
apesar de ter nascido em Ervália(MG), veio muito cedo para nossa cidade e aqui
viu crescer seus irmãos, filhos do Sr. Washington e da Professora dona Cecília
Ignachitti. Considera-se rio-branquense
de coração.
O seu orgulho cresceu ao
pensar em ter um conterrâneo da estatura e projeção de uma figura como Geraldo,
considerado cidadão do mundo, autor de tantas obras relevantes juntamente com
seu irmão gêmeo Renato.
Geraldo e
Renato tinham no seu acervo de realizações toda uma obra em torno do Barroco
Mineiro associado à cultura do ouro, entre o início do século
XVIII e
o final do século
XIX.. E eram pioneiros na
produção de filme a cores no Brasil, com o lançamento de Rebelião em Vila Rica,
que sincronizava a rebeldia da juventude de épocas diferentes.
O
Aleijadinho – paixão, glória e suplício -, O Seminarista, Noite e Diamante, e aquele sem fim de
informações que o palestrante plantou na platéia universitária.
Nos fins de
2004, Zé Luiz estava em Visconde do Rio Branco com muitas idéias na cabeça e
uma caneta na mão. Falou-nos a respeito.
O tema era embriagante: trazer aquele rio-branquense ilustríssimo, sem
ser ilustrado, à sua cidade que nem o conhecia.
Como, quando e quanto?
Geraldo e Renato Santos Pereira ladeando familiares
Se a idéia nos
aflige, alguma coisa tem que ser feita, nem que seja como válvula de
escape. Foi um tal de pesquisar no
Google. Mas e o nome: Parecia Geraldo Pereira.... Pereira de que..... Há tantos geraldos.... tantos pereiras.... Os
resultados vêm infinitos e não se chega a qualquer conclusão.... até que deu um
estalo: “Não! Parece que é um sobrenome
invertido.... Geraldo Santos
Pereira! Tiro e queda! Apareceu um vasto resultado de pesquisa
sobre os irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira, que tinham estudado em Paris,
produzido importantes filmes culturais, fundado associações e clubes de cinema,
conhecido muita gente importante.
Ivo Pitanguy
Descobrimos “quem”. Como, quando e quanto eram as questões
seguintes. Descoberto o e-mail, foi
estabelecido o contado, com o próprio Geraldo, que manifestou grande desejo de
vir à sua terra, exibir O Aleijadinho, realizar palestras, arrancar dos “endinheirados”
a construção de um Centro Cultural, já que restava do Cine Brasil somente a
fachada e o tombamento de algumas de suas partes internas. Atividade
artística nenhuma. E, no meio de seus planos, havia a paixão por filmar
a vida de Guido Marlière, o militar francês que veio para estas paragens a
serviço da Coroa Portuguesa como “pacificador dos índios Croatas, Coropós e
Puris”, além dos bravios e antropófagos Botocudos.
Agora, havia
um desafio: um artista como Geraldo vir à cidade pregar cultura, custaria
viagens, estada, “cachê”, que dependeria de algum ‘pé de meia’. Para alguns idealistas descalços é querer
subir ao ceu nos degraus do vento.
Para nossa
surpresa, Geraldo mostrou sua grandeza de espírito tanto quanto suas qualidades artísticas e
intelectuais: condução ele mesmo viria
dirigindo seu veículo, apesar de seus 80 e tantos anos. Hospedagem: qualquer lugar que o abrigue
junto com sua esposa Elza e sua filha Laurinha.
....” o resto a gente dá um jeito...”.
Foi assim
que em 2005, o grande cineasta – que perdera o irmão Renato em 1999 - chegou a Visconde do Rio Branco, hospedou-se
na casa onde reside José Luiz Gomes, na Rua Benjamin Betelli, Barroca, recebido
com as honras de estilo prestadas a um homem simples junto com sua família.
Geraldo, a filha Laurinha, a esposa Dona Elza. Do outro lado da imagem: Jeová Benati e os irmãos gêmeos sobrinhos do anfitrião José Luiz Lopes Gomes
Durante uma
semana, contou “causos” e falou de história.
Visitou, acompanhado de comitiva, o Monumento a Guido Marlière na Serra
da Onça, à beira da estrada velha que liga Guidoval a Cataguases. Exibiu “O Aleijadinho – paixão, glória e
suplício” no Auditório Jotta Barroso, onde realizou palestra, concedeu
entrevistas e pousou para fotos junto a populares admiradores. Na noite seguinte reprisou a exibição do
filme em praça pública, em frente à fachada do Cine Brasil e reproduziu
palestra, em uma noite fria de junho.
Sempre pregando a criação do Centro Cultural, a que sugeria o nome de
Guido Marlière.
Geraldo e comitiva no Monumento a Guido Marlière - Guidoval - 2005
Em frente ao busto de Guido Marlière, Zeladora locar e Dra. Margareth
A sua
obsessão pela vida do militar levou-o a procurar as prefeituras de Guidoval,
Ubá e Visconde do Rio Branco, na tentativa de conseguir no mínimo R$ 150.000,00
para realizar a filmagem, a partir de um museu de Paris, onde existe foto de
seu personagem. Nessas suas tentativas, regressou frustrado à residência na Capital
Mineira.
O fim de
toda história é sempre o começo de outra.
No ocaso do
ano passado, soubemos da existência de um grupo de jovens cineastas, liderados
por Erick Leite, interessados em filmar a história do próprio Geraldo Santos
Pereira, que vive certo ostracismo até mesmo pelos estudantes de cinema. A equipe já havia feito contato com artistas
do elenco de Geraldo e com muitos de seus amigos, a fim de resgatar-lhe a memória.
Geraldo estava acometido do mal de Alzheimer, incapacitado, portanto, para
narrar a sua vida.
Como parte
desse resgate, Erick e seu grupo da Café Pingado Filmes(Belo Horizonte-MG)
repetiram a vinda de Geraldo aqui, hospedaram-se na mesma casa de José Luiz, visitaram
o Monumento a Guido, no domingo, 04 de dezembro de 2011.
O resultado
de tudo isto é este Festival de Cinema Rio-branquense Geraldo Santos Pereira,
com duração de uma semana: 23 a 28 deste mês de julho: segunda-feira a
sábado. Segunda a sexta-feira, sessões
no Auditório Jotta Barroso – Água Limpa, onde nasceram os irmãos cineastas –, com
exibição de filmes produzidos por rio-branquenses e pelo próprio Geraldo. E, no sábado, encerrando o Festival, Erick
fará palestra sobre a vida do seu personagem e exibirá EU É GERALDO, que tem a
produção de Ana Flávia Amaral.
(Franklin Netto -
viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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